CARTOGRAFIA PARA PROFESSORES DO
ENSINO FUNDAMENTAL
Paulo César Gurgel de Albuquerque
Divisão de Sensoriamento Remoto
Instituto Nacional de Pesquisas
Espaciais
São José dos Campos-SP
gurgel@ltid.inpe.br
Introdução
Antes mesmo da invenção da escrita a cartografia, como
atividade, já era conhecida na Pré-História. Como vocábulo Cartografia foi
criado pelo historiador português Visconde de Santarém
em carta de 8 de dezembro de 1839 escrita em Paris e dirigida ao historiador
brasileiro Adolfo de Varnhagem. Antes da consagração
deste termo o vocábulo usado era cosmografia.
Seja vocábulo ou atividade o importante é saber que a
cartografia é um misto de arte, ciência e tecnologia, responsável pela
elaboração dos mapas onde são assentadas as informações geográficas, bases
sobre as quais se constroem decisões e soluções para os problemas sócio-economicos e técnicos apresentados.
A cartografia foi a principal ferramenta usada pela
humanidade para conhecer e ampliar os espaços territoriais e organizar essas
ocupações. Hoje ela está presente no cotidiano da sociedade, seja levando
soluções para problemas, urbanos, de segurança, saúde pública, turismo, meio
ambiente, navegação ou auxiliando outras atividades.
Conceitos, Definições e Conceitos
Conceitualmente, a cartografia pode ser entendida como uma
ferramenta, atividade meio, usada para auxiliar no diagnóstico e no
delineamento de soluções para problemas sociais, econômicos, culturais, de
engenharia etc...apresentados. Seu uso é abrangente.
Valendo-se para a consecução de seus objetivos, de diversas
ciências e tecnologias, a cartografia constrói seu produto conforme as
necessidades exigidas e o entrega na forma de mapas, único instrumento capaz de
representar em escala, com o grau de exatidão requerido, todas as informações
geográficas, quantitativas e temáticas, componentes necessárias ao
planejamento.
A cartografia pode ser vista, neste caso, como a primeira
ferramenta a ser utilizada antes que outras venham ser empregadas.
Constata-se que o produto cartográfico está associado a uma
necessidade de apresentação e expressão de resultados. Um produto cartográfico,
elaborado com o objetivo de expressar um conjunto de informações, deve ser
ajustado às necessidades de apresentação impostas por essas informações, por
meio de procedimentos e normas técnicas capazes de assegurar que o mapa
elaborado satisfará as exigências originais do projeto
Pode ser dito, também, partindo dessa constatação, que a
cartografia é a linguagem de expressão do sensoriamento remoto, sendo portanto flexível para se ajustar as diferentes imagens&informações, produzidas pelos sensores remotos
atuais e pelas novas metodologias usadas no processamento e interpretação
desses dados
Atributos da Cartografia
A cartografia é capaz de expressar informações quantitativas
e qualitativas, decorrentes de fenômenos ocorridos, que estejam ocorrendo ou
que venham acontecer. Para tal a cartografia deve assegurar que o mapa responda
as seguintes questões:
Espacial
Onde ocorre
o fato
Qual a
forma
Quais são
as dimensões
Temporal
Quando ele
ocorreu
Temático
Qual o tipo
de ocorrência
Forma da Terra
Quando se pretende representar um objeto segundo uma
projeção, é importante que se conheça a forma e as dimensões do objeto. Na
cartografia a forma da Terra é um fator importante que deve ser considerado,
pois é esta figura que será desenvolvida em um plano, utilizando alguns dos
modelos de projeção conhecidos.
A Terra em uma primeira aproximação pode ser considerada uma
esfera perfeita, entretanto quando se deseja representá-la com mais detalhe e
exatidão, faz-se necessário conhecer sua forma e dimensões com maior precisão,
assunto que é estudado pela Geodésia.
A forma real da Terra é irregular. Conhecida como geóide,
exige uma superfície regular que melhor ajuste-se a ela, para que as operações
cartográficas possam ser realizadas. Esta superfície chamada de elipsóide é a
figura a ser projetada sobre um plano. Ela é definida pelo sistema geodésico de
cada País.
Inicialmente vamos revisar os conceitos de Paralelos e
Meridianos, Latitudes e Longitudes para melhor conhecer os problemas decorrentes
dessa representação:
·
Paralelos: Círculos concêntricos ao eixo da
terra, paralelos ao círculo do equador, sendo cada paralelo definido a partir
dos pontos de mesma latitude.
·
Latitudes: Distância angular medida a partir
do equador até o paralelo ou seja o ângulo formado
pela linha que sai do centro da Terra e intercepta a superfície da Terra em um
determinado local.
As latitudes variam de 0o, Latitude no Equador a
90o nos pólos e são indicadas da seguinte forma:
a-hemisfério Norte: Latitude = 10o
22’ 33” N
b-hemisfério Sul: Latitude = -10o 22’ 33” ou 10o
22’ 33” S (Figura 1)
Figura-1: Esquema gráfico mostrando
os paralelos e as latitudes
Meridianos: Círculos com raio igual ao raio da Terra (círculos
máximos), perpendiculares ao plano do equador terrestre e que se interceptam
nos pólos (posição definida pelo eixo de rotação da Terra )
·
Longitudes: Distância angular entre dois
meridianos, contada no sentido Este – Oeste, isto é paralelo ao plano do
equador. É também o ângulo formado entre dois raios de um mesmo paralelo.
A longitude varia de 0o, Longitude no
meridiano de Greenwich, a 180 o no antimeridiano
(semi-círculo de um determinado meridiano compreendido
entre os pólos Norte e Sul ) de Greenwich sendo indicada da seguinte forma:
a-Longitudes a Este do meridiano de Greenwich = 45o 32’ 43” E
b-Longitudes a Oeste do meridiano de Greenwich =
-45o 32’ 43” ou 45o 32’ 43” W (Figura
2)
Figura-2: Esquema gráfico
mostrando os meridianos e as longitudes
Assim, as linhas: paralelos e meridianos, constituem a rede
que é utilizada para definição, das latitudes e longitudes, sistema de
coordenadas responsável pelo posicionamento dos alvos na superfície da Terra, conforme
apresentado na Figura 3.
Figura-3: Rede de paralelos e
meridianos impressa sobre uma imagem do GOES
Escala
Número adimensional utilizado para indicar de quanto está
reduzida as dimensões de uma região de maneira que ela
possa ser representada sobre uma folha de papel.
Ex: 1/1000. Esta notação informa que no mapa uma determinada
área tem suas dimensões reduzidas 1000 vezes. Assim podemos dizer que 1mm no
mapa correspondia a 1000 mm no terreno ou que, 1cm a 1000cm no terreno etc...
As escalas podem ser representadas numericamente, por exemplo 1/26.000, ou graficamente. Neste caso esta
relação, que indica a escala, é transformada em uma régua onde as distâncias
são lidas diretamente (Figura 4).
1000 750 500
250 0 1000 2000 3000 m
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
Figura-4: Representação gráfica de uma escala
Classificação das escalas
Em cartografia podemos dividir as escalas em 2 conjuntos, o primeiro chamaremos de escalas regionais, são escalas
pequenas que transmitem poucos detalhe, mas de grande utilidade quando se
deseja mapas de vastas regiões do globo (Figura-5). O outro conjunto é formado
pelas as escalas locais, que transmitem grande riqueza de detalhes, mas com
pouquíssima abrangência regional (Figura 6).
Figura
5- Escala regional (1:5.000.000)
Figura 6- Escala local (1:5.000), Imagens
IKONOS de Campos do Jordão, SP
Fonte: http://www.intersat.com.br
Esses dois conjuntos podem ser chamados de escalas pequenas
e grandes, respectivamente. A prática cartográfica define também uma escala
intermediária conhecida como escala média. Esta escala é usada nos mapeamentos
de grandes áreas e com grau de detalhamento necessário para o subsidiar o
planejamento econômico regional, servindo de base à elaboração de estudos e
projetos que envolvem ou modificam o meio ambiente, assim como a representação
de áreas desenvolvidas ou sensíveis a investimentos governamentais, visando subsidiar
o planejamento setorial em todos os níveis de governo (Figura 7).
Figura 7- Escala média (1:100.000),
Imagem CBERS de São José dos Campos, SP
A figura 8 apresenta alguns exemplos de escalas.
Imagem
LANDSAT/TM-
Escala 1:1.000.000 Imagem LANDSAT/TM-
Escala 1:500.000
Imagem
LANDSAT/TM-
Escala 1:250.000 Imagem LANDSAT/TM-
Escala 1:100.000
Figura 8- Exemplos de distintas escalas, utilizando uma
mesma imagem
Na tabela 1 está a esta classificação das escalas pelo
intervalo de uso e abrangência. Estas mesmas escalas estão ilustradas na figura
9.
Tabela-1: Classificação das escalas
quanto ao uso e abrangência
Escala |
Uso |
Intervalos adotados |
|||
Grandes |
ASI |
Urbano,
local |
>1/100.000 |
<1/25000. |
|
Médias |
Pequenas |
Regionais |
Mundial Continental Regional |
1/100.000 a >1/500.000 |
>1/25.000 |
Pequenas |
Estaduais |
< 1/500.000 |
Figura-9: Comportamento do mapa
segundo a escala escolhida
Projeções
Projeções são modelos geométricos ou analíticos adotados
para se representar à superfície da Terra, total ou parcial, a ser mapeada
sobre um plano horizontal. As projeções cartográficas possuem características
que garantem a elaboração de mapas para todos os tipos de uso e aplicação. Elas
podem ser classificadas:
·
Quanto
ao modelo de desenvolvimento (vide anexos 1, 2 e 3 )
Cilíndricas
Normais
Transversas
Oblíquas
Cônicas
e ou Policônicas
Normais
Transversas
Planas
Polares
Equatoriais
Oblíquas
·
Quanto
aos atributos
Equidistantes
distância medida
sobre um meridiano no mapa = distância medida no terreno
distância
medida sobre um paralelo no mapa = distância medida no terreno
Equivalentes
área
de uma superfície medida no mapa = área dessa superfície no terreno
Conformes
forma observada
no mapa = forma real do alvo.
Azimutais
direção azimutal
no mapa = direção azimutal no terreno
Tipos de mapas
Os mapas são divididos em 3 tipos de documentos:
topográfico, temático e especial. O mapa topográfico é o principal, pois sobre
ele assentam-se informações de temas específicos, tais como vegetação, geologia,
sistemas ferroviários etc.
Face ao exposto, podemos escrever que a cartografia
contempla os seguintes documentos:
·
Cartas Topográficas: Aplica-se este termo aos documentos
cartográficos produzidos em escalas grandes que visem à representação da
superfície do terreno e sua ocupação.
·
Cartas ou mapas temáticos: São documentos cartográficos que
tem por objetivo mostrar temas específicos, voltados a interesses comuns em
diversas aplicações (Figura 10).
·
Cartas ou mapas especiais: Semelhantes aos temáticos, entretanto
fornecem informações somente para uma única aplicação.
Figura-10 Construindo o mapa temático
Informações marginais (Legenda)
A legenda é parte integrante de qualquer mapa. Ela é
constituída de um conjunto de símbolos e informações que, exibida em uma das
margens do mapa, auxiliará o usuário a ler, compreender, interpretar e julgar
um determinado documento cartográfico.
Uma legenda constitui-se da apresentação de todas as
convenções aplicadas no mapa e de informações complementares para que essa
leitura seja realizada, tais como:
· Escala, projeção e elementos para
orientação do mapa,
· Área de abrangência e localização
no Globo, Continente, País, Região, Estado ou Município,
· Articulação com os mapas vizinhos
(quando houver),
· Época de execução das fases do
trabalho,
· Organização executora,
· Convenções e símbolos cartográficos,
· Coordenadas geográficas e/ou UTM quando for o caso,
· Fragmentos das imagens que deram
origem ao mapa podem, também ser utilizados na legenda de alguns tipos de documentos
cartográficos, para mostrar como os elementos do terreno são representados
nesses mapas.
Leitura de mapas
A leitura de um documento cartográfico não é uma tarefa
difícil embora exija do usuário atenção, principalmente quando ele deseja extrair
informações que não estão explicitadas por símbolos ou convenções.
Os documentos cartográficos em escala pequena, apresentando
aspectos físicos do terreno, são os mapas mais simples de serem lidos, mas
todos os mapas tornam-se documentos de simples leitura desde que acompanhados
da legenda, na qual esteja apresentados todos os símbolos, cores e convenções
empregadas na definição dos elementos ( alvos )
mapeados.
A imagem de satélite e a fotografia aérea não possuem esta
facilidade, o que exige do usuário conhecimentos para sua interpretação. Mosaicos, fotocartas e cartas imagens, embora possuindo uma
legenda, a exemplo dos outros documentos cartográficos, não explicitam com o
mesmo detalhe dos mapas de linhas os alvos imageados.
A tabela 2 apresenta as convenções mais comuns utilizadas na cartografia.
Tabela-2: Convenções cartográficas
básicas
Temas |
Convenções |
1 – Hidrografia 1.1 - Cursos d’água perenes 1.2-Cursos d’água intermitentes 1.3 - Lagos, lagoas, represas e açudes. 1.4 - Lagos, lagoas intermitentes, 1.5 - Áreas sujeitas a inundação 1.6 - Brejo ou pântano |
Cor: Azul Linhas simples ou duplas Linhas tracejadas Áreas contornadas por linhas. Linhas tracejadas Áreas com fundo tracejado em azul Semelhante a anterior no qual é incorporada a vegetação também na cor
azul. |
2 - Rodovias |
Cor: Vermelha, Vermelha e branca. Linhas contínuas ou tracejadas vermelho e branco. |
3 - Ferrovias |
Cor: Preta Linhas contínuas cortadas verticalmente com pequenos segmentos de
retas como se fossem dormentes |
4 – Cobertura vegetal |
Cor: Verde Áreas (manchas), regulares ou irregulares, contínuas ou não, a qual é
incorporada uma retícula para especificar o tipo de cobertura. |
5 – Limites Internacional Estadual Municipal e propriedades rurais |
Cor: Preta Linhas tracejadas, pontilhadas ou mistas. |
6 – Relêvo 6.1 - Representado por curvas de nível 6.2 – Representado por intervalos de
altitude |
Cor: Marrom claro (sépia) Linhas contínuas contornando pontos de mesma altitude de uma elevação. Cor: diversas Zonas definidas para intervalos de altitude por meio de linhas e cores |
7 – Paisagem urbana |
Cor: Varia com a escala (amarela, magenta,
cinza) Polígonos, linhas, figuras, e símbolos que exprimam elementos dessa
paisagem. |
Outras convenções cartográficas tais como: símbolos; cores e
figuras podem ser encontradas na legenda dos mapas, sinalizando temas de
caráter geral ou específicos, de forma que o documento cartográfico possa ser
lido e interpretado.
Ensinando cartografia
Alguém
que recebe a incumbência para ensinar algo deve primeiro justificar o porque
está ensinando esse algo, afinal aprender ou ensinar alguma coisa sem
necessidade é desmotivante, colocando em cheque o
aproveitamento do aluno, que não sabe por que está aprendendo tal assunto, e o
desempenho do professor, que desconhecendo a aplicabilidade do tema no
cotidiano sente-se impossibilitado de avançar e aplicá-lo no dia a dia da
escola.
Quem
ensina cartografia deve ter essa preocupação. Cartografia, nome da técnica
utilizada para fazer mapas, não existe se não tiver demanda para elaboração e
utilização dos mesmos, o que tornaria seu aprendizado um conjunto de regras e
modelos sem nenhuma utilidade prática.
Atualmente
observa-se que muitos profissionais estão envolvidos no ensino da cartografia,
desenvolvendo modelos para que alunos do ensino fundamental aprendam o que é
uma escala, como é feita a representação do relevo, o que é uma projeção
cartográfica etc, tudo isso desconsiderando o exercício da própria cartografia
no cotidiano da escola, quando do ensino de outras disciplinas, tais como
geografia, história, sociologia, dentre outras, que se utilizando dessa
ferramenta e de seus produtos auxilia na eficácia de seu aprendizado.
Então
como ensinar cartografia? Inicialmente é fundamental despertar o interesse do
aluno para as aplicações cartográficas, conduzindo-o a exercitá-la sem que isto
configure um tópico de uma disciplina ou ela própria. Afinal por que aprender
cartografia?
Este
despertar para a cartografia pode ser iniciado com o aluno ainda na pré- infância, através de informações apresentadas pela
própria escola na forma de mapas, a respeito de sua vizinhança, acessos, meios
transporte, segurança pública e etc. Essa informações são úteis tanto para os
pais como para os alunos, que passarão a elaborar seus próprios “mapas”
independente se sabem o que é escala projeção ou qualquer outra técnica
cartográfica.
Trata-se
do exercício cotidiano da cartografia como necessidade e do interesse do
próprio aluno, que em conseqüência do seu processo de aprendizagem, aprimora e
amplia o seu uso, incorporando novos conhecimentos, tais como geometria,
física, matemática, etc...
Outras
perguntas podem ser formuladas, como por exemplo: Por que o interesse do ensino
da cartografia nas escolas?
Outras
questões podem também ser levantadas. Cabe então ao
educador, procurar a resposta que vá ao encontro da formação do cidadão e não
de outros interesses.
Entende-se
que essas respostas devem convergir para os seguintes objetivos:
·
Auxiliar no
aprendizado da geografia, história e de outra disciplinas;
·
Apoio às
atividades cotidianas do aluno e na formação de sua cidadania.
Respostas
que contemplem outros aspectos, tais como:
·
Disseminação das
aplicações cartográficas e de seus produtos no país;
·
Utilização de
novas tecnologias, etc...
Podem
também ser considerados, entretanto, objetivos
secundários desse processo para o ensino da cartografia.
Ensinando ao
aluno
Ensinar
cartografia, segundo o ponto de vista aqui apresentado, está associado à 5 fases de trabalho que, respeitadas as suas prioridades
definem o conjunto de ações que devem ser desenvolvidas respectivamente pelo
professor e aluno, tanto no âmbito local como de sua escola, como de realidades
mais distantes.
As
fases são as seguintes:
Fase-1: Expressar todas as informações pertinentes à
localização da escola, acessos, sítios de interesse tais como: papelarias;
farmácias; pontos de ônibus; etc...por meio de mapas
ou croquis elaborado pelos professores da própria escola
Fase-2: Capacitação de professores em cartografia.
Fase-3: Utilização e aplicação freqüente de mapas nas aulas
e na elaboração dos exercícios propostos aos alunos pelo professor.
Fase-4: Capacitação específica em cartografia para os alunos
do ensino fundamental, a partir da 6a série. Este treinamento deverá
sempre está associado as disciplinas que estão sendo
ministradas nesse período.
Fase-5: Curso profissionalizante para formação de técnicos
de nível médio em cartografia.
Observa-se
que não é exigido professores com conhecimentos especializados em cartografia
até a fase-4.
Os
professores das disciplinas de geografia, matemática, ciências e artes plásticas, orientados para conhecerem as bases em que se assenta
a cartografia, serão os orientadores e disseminadores do uso e aplicação da
cartografia para este momento.
A
fase-5, dedicada a formação de profissionais para cartografia, será trabalhada
por especialistas conforme os curricula aprovados
(Tabela 3).
Tabela 3- Fases
de aprendizagem de cartografia
Duração e fases |
Processo inicial |
Processo instalado |
Indicadores |
1 ano |
---- |
anual |
|
01 |
Aplicar em toda a escola |
Familiarização com mapas |
|
02 |
Professores selecionados pela escola dando preferência àqueles que
lecionam em todas as séries |
Manutenção |
Entendimento do que são mapas, leitura e uso desses documentos em
diversas escalas |
03 |
Aplicar em todas as séries |
Compreensão dos problemas sociais, econômicos e ambientais
apresentados na história, geografia.... |
|
04 |
|
Para alunos a partir da 6a série |
Compreensão dos problemas geométricos que existem nos mapas |
05 |
Só para formação profissional |
Profissionais formados |
Devido
ao desconhecimento do que propõe a cartografia e a falta de cultura na
utilização de seus produtos pela sociedade, o trabalho que está sendo
apresentado tem como objetivo principal despertar e incentivar o uso
sistemático da cartografia como ferramenta para compreensão dos problemas
físicos, sociais, econômicos, políticos e culturais, junto ao estudo das
disciplinas escolares e no cotidiano do educando.
Requisitos
A
consecução dos objetivos desta proposta pauta-se na metodologia apresentada e
nos recursos humanos e materiais existentes na escola. Devido os recursos que
estão disponíveis em cada escolas apresentarem diferenças significantes
chamou-se de kit básico os meios que serão necessários para o desenvolvimento
deste trabalho.
Paralelamente
indica-se também outro conjunto de recursos, humanos e materiais, que podem
contribuir com a eficácia deste processo.
A tabela 4 contempla os recursos mínimos necessários para a implantação e
desenvolvimento desse trabalho junto às escolas da rede de ensino fundamental.
Tabela 4- Recursos
básicos para a implantação de um trabalho cartográfico na escola
|
Recursos básicos |
|
|||
1-Humanos |
Características |
|
|||
Diretores Coordenadores pedagógicos |
Interesse Comprometimento |
|
|||
Professores de geografia, história, matemática, ciências, artes plásticas .... |
Interesse Comprometimento Conhecimento básico sobre leitura e manuseio de mapas (documentos
cartográficos) |
|
|||
Alunos |
Motivação com a escola |
|
|||
|
2-Materiais |
Especificações |
|||
|
2.1-Documentos Cartográficos |
||||
|
Mapas Mundi |
Geral, Físico e Político |
|||
|
Mapas das |
||||
|
Mapas do Brasil |
Geral, Físico, Político, Populacional, Ecológico, |
|||
|
Mapa da Região |
||||
|
Mapa do Estado |
||||
|
Maps do Município |
Geral, Físico Urbano |
|||
|
Cartas-imagens |
Conforme disponibilidade |
|||
|
Atlas |
Escolar |
|||
|
2.2-Equipamentos e consumo |
|
|||
|
Régua, esquadro, compasso e transferidor |
||||
|
Lápis preto e branco e coloridos |
||||
|
Borrachas |
||||
|
Globo |
||||
|
Bússula |
|
|||
Observa-se
que esses materiais integram o acervo de qualquer escola e dos materiais que os
alunos costumam trazer para as aulas.
Os
materiais suplementares são utilizados para auxiliar esse trabalho e enriquecem
o aprendizado do aluno, entretanto é importante que os professores que forem
utilizar dominem esse conjunto de facilidades e possam disponibilizá-los
para todos os alunos (Tabela 5)
Tabela 5- Recursos suplementares para a implantação
de um trabalho cartográfico na escola
Recursos suplementares |
|
|
Computador |
|
|
Plotter ou impressora |
||
Scanner |
||
Aplicativos para cartografia e sensoriamento remoto |
CoreoDRAW, |
|
GPS |
De mão para operações estáticas |
|
Cartas imagens ou imagens Fotografias aéreas |
Colorida, abrangendo o município e a cidade, escala maior ou igual a 1/50.000. Cópia papel Cópia digital |
|
Materiais disponíveis no mercado |
Cartas-imagens, jogos, quebra cabeças, livros didáticos. |
|
Outra
característica deste processo é permitir ao professor continuar criando
atividades em sala de aula e no campo com seus alunos, valendo-se do acervo
básico e de sua própria imaginação.
Visando auxiliar os professores que
envolver-se-ão com este trabalho, apresenta-se uma relação de atividades
que podem ajudar na compreensão e conhecimento dos objetivos e técnicas
cartográficas:
a-Passeio
em trilhas, caça ao tesouro;
b- Conhecendo nosso bairro para identificação de
locais poluídos, sujos, perigosos;
d-Corridas
de orientação;
e-Enduro
ambiental;
f-Desenhando
no mapa a trajetória das caravelas de Cabral e Colombo,etc...
Conclusão e
Recomendações
A
concepção desta metodogia foi desenvolvida a partir
dos princípios básicos que norteiam as técnicas de ensino, de observações,
reflexões, e de experiências vividas junto as escolas
do ensino fundamental anteriormente.
Face
ao exposto propõe-se:
·
O ensino da Cartografia
deve iniciar da mesma maneira que os mapas apareceram, “partindo de
necessidades,” independente do conhecimento matemático
do que seja escala, projeção etc...
·
Nas séries mais
avançadas professores e alunos poderão lançar mão de bibliografias específicas
a respeito do tema, iniciando assim junto as disciplinas
de desenho e matemática os conceitos de escala, projeção forma da Terra etc...
Finalmente
recomenda-se que cartografia não seja nem disciplina, nem tópico de disciplina,
mas uma nova forma de linguagem para apresentar e analisar temas ambientais,
sociais, históricos, biológicos, etc, que estão contemplados nas disciplinas
escolares do ensino fundamental e médio.
Bibliografia
MOURA FILHO, J. Elementos de Cartografia:
Técnica e Histórica Vol-1, Belém, Falangola editora,
1993
Revista Geografia & Ensino, v6,
n.1, p 100-103, Belo Horizonte, Universidade Federal
de Minas Gerais, Departamento de Geografia, 1997
Oliveira, Cêurio
de. Dicionário Cartográfico, 4 ed, Rio de Janmeiro, IBGE, 1993
BAKKER, Múcio Piragibe
Ribeiro de. Cartografia - Noções Básicas. Rio de Janeiro, Ministério da
Marinha, Diretoria de Hidrografia e Navegação, 1965
Comissão de Cartografia. Cartografia e Aerolevantamento –
Legislação, Brasília, IBGE,1981