INTRODUÇÃO AO SENSORIAMENTO REMOTO
PRODUTOS DE SENSORIAMENTO REMOTO
SENSORIAMENTO REMOTO E SUAS
APLICAÇÕES PARA RECURSOS NATURAIS
CARTOGRAFIA PARA PROFESSORES DO
ENSINO FUNDAMENTAL
O USO ESCOLAR DE DADOS DE
SENSORIAMENTO REMOTO COMO RECURSO DIDÁTICO PEDAGÓGICO
INTRODUÇÃO AO SENSORIAMENTO REMOTO
CARLOS ALBERTO STEFFEN
Instituto Nacional de pesquisas Espaciais
Divisão de Sensoriamento Remoto
steffen@ltid.inpe.br
RADIAÇÃO SOLAR
O Sol é a principal fonte de energia para todo o sistema solar e, devido à sua elevada temperatura, gera uma grande quantidade de energia que é irradiada para todo o espaço. Propagando-se pelo vácuo com uma velocidade próxima de 300.000 km/s a energia radiante, também chamada radiação solar, atinge a Terra onde é em parte refletida de volta para o espaço e em parte absorvida pelos objetos terrestres transformando-se em calor ou outras formas de energia. Por exemplo, a radiação solar ao ser absorvida pela água do oceano se transforma em calor que a faz evaporar formando as nuvens e estas, ao se precipitarem na forma de chuva alimentam os reservatórios das usinas hidroelétricas; a água acumulada nos reservatórios contém energia mecânica potencial que ao se precipitar através dos geradores da usina é transformada em energia elétrica e então transportada (por fios elétricos) para outros lugares onde novas transformações podem gerar luz, calor, acionar motores, etc. A energia radiante também pode ser gerada na Terra por objetos aquecidos ou através de outros fenômenos físicos. Por exemplo, o filamento de uma lâmpada se torna incandescente ao ser percorrido por uma corrente elétrica, gera energia radiante, sob a forma de luz, que ilumina os objetos ao redor.
LUZ E RADIAÇÃO
Isaac Newton (1642-1727), um dos maiores cientistas de todos os tempos, provou que a radiação solar poderia ser separada (dispersa) em um espectro colorido, como acontece num arco-íris. Sua experiência, mostrou que a radiação solar visível (luz branca) é uma mistura de luzes de cores diferentes. Experimentos realizados posteriormente mostraram que o espectro solar contém outros tipos de radiação invisíveis, como a ultravioleta e a infravermelha (figura 1).
Figura 1. Dispersão da radiação solar.
Observe na figura 2 que ao agitar uma corda você transfere energia para ela e esta energia se propaga formando ondas ao longo da mesma. Se você observar com cuidado verá que as ondas que se formam tem uma geometria que se repete em ciclos de mesmo comprimento ao longo da corda. Esse comprimento de onda depende da freqüência com que você agita a corda e também da velocidade com que as ondas podem se propagar através dela (numa corda fina as ondas se propagam mais rapidamente que numa grossa). Desta forma, uma propagação ondulatória de energia pode ser caracterizada pelo comprimento ou freqüência das ondas que se formam. Para produzir ondas curtas você precisa agitar a corda com freqüência mais alta, isto é, transferir mais rapidamente energia para a corda; por isso, as ondas de comprimento de onda curto transportam mais energia por segundo.
Diferente dos outros tipos de energia que dependem de um meio material (como a corda) para se propagar de um lugar para outro, a energia radiante pode se deslocar através do vácuo; neste caso, os físicos dizem que a radiação se propaga através de um meio denominado campo eletromagnético e, por isso, é também denominada radiação eletromagnética (REM).
Figura 2. Propagação da energia.
Os comprimentos de onda da radiação eletromagnética podem ser tão pequenos que são medidos em sub-unidades como o nanometro (1nm = 0.000000001m) ou o micrometro (1mm = 0.000001m). Por outro lado as freqüências podem ser tão altas que são medidas em Gigahertz (1Ghz = 1.000.000.000 de ciclos por segundo) ou Megahertz (1MHz = 1.000.000 de ciclos por segundo).
Se organizarmos todo o nosso conhecimento sobre os diferentes tipos de radiação eletromagnética, teremos um gráfico como o da figura 3, denominado EspectroEletromagnético, que foi construído com base nos comprimentos de onda (ou freqüências) das radiações conhecidas. O espectro está dividido em regiões ou bandas cujas denominações estão relacionadas com a forma com que as radiações podem ser produzidas ou detectadas (com certeza você já ouviu falar em muitos desses nomes, apenas não sabia que se tratavam de coisas da mesma natureza).
Figura 3. O espectro eletromagnético.
Podemos destacar algumas bandas do espectro e suas características mais notáveis:
LUZ E COR
O sistema visual do homem e dos animais terrestres é sensível a uma pequena banda de radiações do espectro eletromagnético situada entre 400nm e 700nm e denominada luz. Dependendo do comprimento de onda, a luz produz as diferentes sensações de cor que percebemos. Por exemplo, as radiações da banda entre 400nm até 500nm, ao incidir em nosso sistema visual, nos transmitem as várias sensações de azul e cian, as da banda entre 500nm e 600nm, as várias sensações de verde e as contidas na banda de 600nm a 700 nm, as várias sensações de amarelo, laranja e vermelho.
Uma propriedade importante das cores é que estas podem ser misturadas para gerar novas cores. Escolhendo três cores básicas (ou primárias) como o azul, o verde e o vermelho, a sua mistura em proporções adequadas pode gerar a maioria das cores encontradas no espectro visível. Como você pode ver na figura 4, os matizes formados podem ser agrupados em amarelo (Y), cian (C) e magenta (M), este último não encontrado no espectro visível. A mistura das três cores primárias forma o branco (W).
Figura 4. Mistura de cores.
ASSINATURAS ESPECTRAIS
Quando a radiação interage com um objeto, pode ser refletida, absorvida ou mesmo transmitida (no caso de objetos transparentes). Em geral a parte absorvida é transformada em calor ou em algum outro tipo de energia e a parte refletida se espalha pelo espaço. O fator que mede a capacidade de um objeto de refletir a energia radiante indica a sua reflectância, enquanto que a capacidade de absorver energia radiante é indicada pela sua absortância e, da mesma forma, a capacidade de transmitir energia radiante é indicada pela sua transmitância. Certamente um objeto escuro e opaco tem um valor baixo para a reflectância, alto para a absortância e nulo para a transmitância. A reflectância, absortância e a transmitância costumam ser expressas em percentagem (ou por um número entre 0 e 1).
Podemos medir a reflectãncia de um objeto para cada tipo de radiação que compõe o espectro eletromagnético e então perceber, através dessa experiência, que a reflectãncia de um mesmo objeto pode ser diferente para cada tipo de radiação que o atinge. A curva a da figura 5 mostra como uma folha verde tem valores diferentes de reflectância para cada comprimento de onda, desde o azul até o infravermelho próximo. Esse tipo de curva, que mostra como varia a reflectância de um objeto para cada comprimento de onda, é denominada assinatura espectral e depende das propriedades do objeto.
Figura 5. Assinaturas espectrais.
Analisando a assinatura espectral da folha verde na figura 5, podemos explicar as razões para as variações encontradas: na banda visível (B, G e R), a pequena reflectância (maior absortância) é produzida por pigmentos da folha (clorofila, xantofila e carotenos) enquanto que na banda infravermelha (IR), a maior reflectância resulta da interação da radiação com a estrutura celular superficial da folha. Duas características notáveis resultam dessa assinatura espectral: 1- a aparência verde da fôlha, e por extensão da vegetação, está relacionada com a sua maior reflectância nessa banda (G) e é produzida pela clorofila, 2- a elevada reflectância na banda infravermelha (IR) está relacionada com os aspectos fisiológicos da folha e varia com o seu conteúdo de água na estrutura celular superficial; por isso é um forte indicador de sua natureza, estágio de desenvolvimento, sanidade, etc. Veja na curva b da mesma figura a assinatura espectral de uma folha seca. Você seria capaz de explicar a razão das mudanças? Veja ainda nessa figura, a curva c que mostra a assinatura espectral de uma amostra de solo; no caso do exemplo trata-se de um tipo de solo contendo ferro e pouca matéria orgânica.
CÂMARAS DIGITAIS
Na figura 6, que mostra a estrutura do olho humano, você pode perceber como as imagens dos objetos observados são formadas. Cada ponto do objeto reflete luz em todas as direções e parte dessa luz refletida atinge o olho sendo focalizado pelo cristalino (uma lente orgânica) sobre o fundo do olho numa região chamada retina. Desta forma, o conjunto de todos os pontos projetados sobre a retina formam uma imagem do objeto. Na retina, milhões de células sensíveis à luz são estimuladas pela imagem e transmitem sinais nervosos para o cérebro, através do nervo óptico .No cérebro esses sinais são interpretados como sensações de forma, brilho e cor em função de nossa experiência visual.
No fundo do olho, a retina é recoberta por dois tipos de células: os cones e os bastonetes. Os cones estão divididos em grupos sensíveis ao azul, ao verde e ao vermelho; assim, quando a imagem de um objeto colorido é projetado sobre a retina, as células correspondentes às cores da imagem são excitadas e enviam para o cérebro os sinais nervosos respectivos que são interpretados como sensações adicionais de cor. Os bastonetes não tem sensibilidade para cores, entretanto tem maior sensibilidade para detectar sinais luminosos fracos e são responsáveis pela visão noturna. Você certamente já ouviu falar que "à noite todos os gatos são pardos; tente justificar isso!
Figura 6. O sistema visual humano.
Com o desenvolvimento da tecnologia das câmaras digitais, o processo fotográfico está sofrendo transformações muito importantes que aumentam a sua flexibilidade e aplicações. Compare a a câmara digital, mostrada na figura 7, com a câmara convencional da mesma figura. Veja que as partes ópticas são iguais, entretanto no lugar do filme é utilizado um chip CCD. Um chip CCD é um dispositivo eletrônico composto de milhares de pequenas células sensíveis à radiação, também chamadas de detetores, dispostas numa matriz (linhas e colunas). Quando uma imagem é projetada sobre o chip, cada detetor é ativado gerando uma pequena carga elétrica proporcional ao brilho da parte da imagem projetada sobre ele. Um componente eletrônico da câmara, lê rapidamente o valor da carga de cada detetor e a registra num dispositivo de memória física (cartão de memória, disquete, fita magnética, disco óptico) na forma de um arquivo de computador, Esses arquivos podem então ser lidos por um programa do computador que torna as imagens visíveis para serem analisadas, modificadas e impressas.
Figura 7. Câmara convencional e câmara digital CCD.
Quando um computador lê o arquivo da imagem digital, esta é exibida no monitor como um conjunto de células organizadas em uma matriz de linhas e colunas equivalente à do chip CCD. Cada célula dessa matriz é denominada PIXEL (de picture cell) e o seu brilho (tonalidade) é proporcional ao valor ou nível digital registrado na célula correspondente do chip CCD.
Não é difícil perceber que uma câmara digital cujo chip CCD tem poucos detetores sensíveis, produz imagens pouco detalhadas como a da figura 8b; por outro lado, se o chip tem uma grande quantidade de detetores a imagem exibirá detalhes que antes não podiam ser percebidos, como mostra a figura 8a.
A qualidade da imagem relacionada com a sua capacidade de registrar detalhes de uma cena é denominada resolução geométrica ou espacial. Essa resolução da imagem depende da qualidade óptica da câmara e do número de detetores do chip CCD.
Muitas vêzes a resolução da imagem costuma ser expressa pelo tamanho do elemento da cena representada por um píxel; por exemplo, se cada píxel da imagem 8b representa uma parte da cena de 1mm x 1mm então costuma se dizer que a imagem tem resolução de 1mm.
Figura 8. Pixel e resolução na imagem digital.
Uma câmara como o da figura 7 gera imagens pancromáticas (todas as cores) em tons de cinza, como as da figura 8, entretanto a sua configuração pode ser modificada para que produza imagens coloridas. Veja no arranjo da figura 9 que a luz proveniente da cena é separada por um dispositivo óptico, formado por prismas e filtros, em três componentes. Escolhendo filtros adequados para as cores primárias azul, verde e vermelho, uma imagem da cena, em cada uma dessas três bandas, é projetada sobre o chip CCD correspondente. A leitura dos chips pelo sistema eletrônico gera três imagens monocromáticas (relativas a uma cor) da cena que são gravadas em um arquivo de computador.
Figura 9. Uma câmara digital colorida.
Para entender como essas três imagens podem ser compostas para sintetizar uma única imagem colorida no computador observe a figura 10. A tela do monitor é composta de milhares de pequenas células coloridas (azul, verde e vermelho) dispostas em trincas como em D. Quando o computador superpõe as imagens das três bandas no monitor, as células de cada cor, brilham com intensidades proporcionais aos níveis digitais de cada píxel da imagem monocromática correspondente e o resultado percebido é uma imagem colorida. Se você olhar para a tela do monitor com uma lente de aumento poderá observar essas trincas, entretanto sem a lente, cada uma delas funciona como se fosse um único pixel já que o seu sistema visual não tem resolução suficiente para percebê-las. Resumindo: decompõe-se a imagem para registrá-la e compõe-se os registros para exibi-la de forma colorida.
No exemplo da figura 10 você pode perceber que as imagens da vegetação nas componentes A, B e C guardam estreita relação com a assinatura espectral da folha mostrada na figura 5. Note que em A, a vegetação aparece escura, na B onde a reflectância é maior aparece em tonalidade mais clara e na imagem C, onde a clorofila absorve a radiação vermelha, aparece novamente mais escura; com base na figura 4, é fácil entender porque a vegetação aparece verde na imagem colorida. Como exercício, tente justificar a aparência da área de solo preparado que aparece na imagem colorida.
Figura 10. Sintetizando uma imagem colorida.
CÂMARAS NÃO CONVENCIONAIS
Um sensor remoto é um sistema opto-eletrônico utilizado para gerar imagens ou outro tipo de informações, sobre objetos distantes. A câmara digital que analisamos pode ser considerada como um sensor remoto quando instalada em uma aeronave para fotografar a superfície da Terra; entretanto esse sensor remoto seria ainda muito simples e gerando imagens coloridas apenas na parte visível do espectro.
A figura 11 mostra como a nossa câmara digital pode ser aperfeiçoada para obter imagens que incluam a banda infravermelha (muito importante para o estudo da vegetação). Para isto, o nosso sistema sensor foi modificado para incluir um filtro e um chip CCD, sensível à radiação infravermelha, no lugar do filtro e do chip CCD da banda azul. Neste caso, os filtros dicróicos fazem uma separação preliminar das bandas em verde, vermelha e infravermelha e os filtros secundários separam com maior precisão as bandas desejadas. As imagens geradas nos 3 chips CCD são então armazenados em um arquivo compatível com computador da mesma forma que na câmara convencional.
Como não existe uma cor básica correspondente ao infravermelho, um artifício é utilizado na hora de observar a imagem obtida no computador. Utilizamos a cor básica azul para representar o registro da banda verde, a cor verde para representar o registro da banda vermelha e a cor vermelha para representar o registro da banda infravermelha. Você pode ver que a imagem produzida desta forma, na figura 12, tem as formas e textura esperadas entretanto, as cores não correspondem à nossa experiência visual e por isso esse tipo de imagem é denominada falsa-cor.
Imagens construídas com a banda infravermelha podem ter uma quantidade muito maior de informações temáticas que as convencionais (de cores naturais); entretanto, é importante ressaltar que o significado dessas cores e suas variações, deve ser analisado com base no conhecimento das assinaturas espectrais dos objetos, para que possamos extrair informações corretas sobre as suas propriedades.
Figura 11. Uma câmara digital de infravermelho.
Veja na figura 12 que a vegetação aparece em tonalidades de magenta e isso é simples de explicar se você observar que na assinatura espectral da vegetação predominam as reflectâncias nas bandas verde (B) e infravermelha (C), sendo esta última maior. Como estas bandas são representadas na imagem pelas cores azul e vermelha, a mistura destas (ver figura 4) gera as tonalidades de magenta com predominância de vermelho. Da mesma forma, a tonalidade cian do solo resulta das reflectâncias mais elevadas nas bandas vermelha e infravermelha. Veja na imagem c que a água do rio tem reflectância quase nula na banda infravermelha; observando as imagens (A e B), qual seria a cor natural desse rio?
Figura 12. Sintetizando uma imagem falsa-cor
Da mesma forma que o nossa câmara foi modificada para funcionar na banda infravermelha, outras bandas podem ser incluídas utilizando chips e filtros adequados. Nos sensores orbitais, como o Landsat, Spot e o Cbers, os sensores são bem mais sofisticados e tem muitas bandas (veja na tabela 1), entretanto seguem os mesmos princípios discutidos para a nossa câmara digital.
SATÉLITES ARTIFICIAIS
Sensores remotos podem ser colocados em aeronaves, foguetes e balões para obter imagens da superfície da Terra, entretanto estas plataformas são operacionalmente caras e limitadas. Uma boa idéia neste caso é utilizar satélites artificiais para instalar esses sistemas. Um satélite pode ficar girando em órbita da Terra por um longo tempo e não necessita combustível para isso; alem do mais, a sua altitude permite que sejam obtidas imagens de grandes extensões da superfície terrestre de forma repetitiva e a um custo relativamente baixo.
Como os satélites ficam em órbita e não caem? Esta é uma pergunta freqüente cuja resposta é bastante fácil de entender. Vamos imaginar uma experiência simples: pegue uma pedra, levante a do chão e solte; a pedra cai verticalmente puxada pelo seu peso, isto é, pela força da gravidade. Jogue a pedra horizontalmente em frente, ela também cai só que desta vez realiza uma trajetória curva antes de atingir o solo. Vamos melhorar o nosso experimento; agora você sobe num lugar bem alto (que tal o pico do Everest?) e lança novamente a pedra em frente com bastante força; esta ainda descreve um arco antes de cair ao solo, só que muito mais longe de você. Se você puder lançá-la com tanta força que o arco que realiza seja paralelo à curvatura da Terra, então a pedra dará a volta na Terra, passará por você (abaixe a cabeça!) e continuará "caindo", isto é dando voltas em torno da Terra. Neste momento você poderá dizer que a pedra entrou em órbita e se transformou num satélite da Terra (como a Lua). Neste experimento você pode perceber que existe uma velocidade crítica de lançamento para que a pedra entre em órbita (a bem da verdade, nesse experimento, a pedra logo cairá ao solo porque a resistência do ar diminuirá constantemente a sua velocidade e a órbita será uma espiral descendente).
Como levar um satélite artificial (que pode pesar algumas toneladas) para uma grande altitude, onde a resistência do ar seja desprezível, e fazê-lo atingir aquela velocidade crítica para permanecer em órbita durante um longo tempo? A solução para este problema está na utilização dos foguetes que são sistemas extremamente poderosos e capazes de levar grandes cargas para grandes altitudes onde a resistência do ar é desprezível. Como você pode ver na figura 13, o foguete após disparado, realiza uma trajetória curva enquanto sobe e, no momento que atinge a altitude desejada e com a velocidade crítica necessária, libera o satélite e este permanece em órbita, girando em torno da Terra.
Figura 13. Pondo satélites em órbita.
Como você pode notar na figura 13, o plano da órbita pode ser polar, equatorial ou estar em qualquer outro plano adequado para o tipo de aplicação do satélite. O período de rotação do satélite é o tempo que êle leva para da uma volta completa em torno da Terra e isto depende de sua altitude. Muitos satélites de comunicações e meteorológicos são geoestacionários, isto é, ficam aparentemente "parados" no céu sobre um mesmo ponto da superfície terrestre; neste caso, o seu período de rotação deve ser de 24 horas e por isso, são lançados em órbita equatorial, a cerca de 36000 km de altitude, na mesma direção de rotação da Terra (de oeste para leste). Existe uma grande quantidade desses satélites utilizados para a difusão de sinais de rádio e televisão, retransmissão de telefonia e geração de imagens meteorológicas. Certamente você já assistiu no boletim meteorológico da TV, uma animação que mostra o deslocamento das nuvens sobre a superfície da Terra; essa animação é uma seqüência de imagens produzidas (à cada meia hora) por esses satélites meteorológicos geoestacionários.
IMAGEADORES ORBITAIS
Os satélites artificiais são plataformas estruturadas para suportar o funcionamento de instrumentos de diversos tipos e, por isso, elas são equipadas com sistemas de suprimento de energia (painéis solares que convertem a energia radiante do Sol em energia elétrica e a armazena em baterias), de controle de temperatura, de estabilização, de transmissão de dados, etc.
Os satélites de observação da Terra são plataformas com a estrutura básica citada anteriormente e que tem como instrumento principal um sistema sensor capaz de produzir imagens da superfície da Terra em várias bandas simultâneas; neste caso, o imageador orbital funciona basicamente como a câmara digital que analisamos e com as adaptações necessárias para gerar imagens em muitas bandas.
De modo geral os sistemas imageadores orbitais, para aplicações em Geociências, tem órbitas de pequena inclinação com relação aos meridianos, isto é, órbitas do tipo quase-polar. Esse tipo de órbita associado ao seu período de rotação faz com que o satélite passe sempre "voando" de norte para sul na parte da Terra que está iluminada pelo Sol, cruzando o equador no mesmo horário (por volta de 10h local), quando as condições de iluminação são as mais adequadas para a aquisição de imagens. Um efeito desse tipo de órbita, combinado com a rotação da Terra, é que o satélite passa sobre uma região diferente da Terra em cada rotação, voltando depois de um período de vários dias, denominado período de revisita, a passar sobre a mesma região. Esta característica orbital é muito importante porque permite a aquisição de imagens periódicas de uma mesma região, o que é muito conveniente para analisar fenômenos temporais ou obter imagens sem nuvens. Veja na tabela Ia, b e c o período de revisita dos principais satélites utilizados em Sensoriamento Remoto.
Quando o satélite de Sensoriamento Remoto avança de norte para sul em sua órbita, seu sensor multibandas pode produzir imagens de uma faixa da superfície terrestre, como mostra a figura 14. Aproveitando o movimento do satélite, o imageador utiliza chips CCD lineares (uma só linha de detetores) para produzir (em várias bandas) as linhas de imagem transversais ao seu deslocamento na órbita. Essas linhas de imagem ou linhas de varredura, são transmitidas para as estações receptoras na Terra, à medida que vão sendo produzidas. A recepção e gravação dessas linhas é feita por meio de receptores, gravadores e grandes antenas parabólicas, como as do INPE em Cuiabá que acompanham o satélite em sua trajetória (de norte para sul) de horizonte a horizonte.
Figura 14. Varredura de um imageador orbital multibandas.
As fitas magnéticas contendo a gravação
das linhas de varredura produzidas pelo imageador orbital são então processadas nos
computadores das estações terrenas, para gerar as cenas correspondentes a cada banda.
Neste caso, cada cena é um conjunto de linhas cuja quantidade é suficiente para gerar
imagens no formato estabelecido para cada tipo de imageador orbital.
CBERS: CHINESE-BRAZILIAN EARTH RESOURCES SATELLITE
CARACTERÍSTICAS GERAIS | |
Massa | 1.450 kg |
Potência do painel solar | 1.100 watts |
Dimensões do painel solar | 6,3 x 2,6m |
Dimensões do corpo | 2,0m x 8,3m x 3,3m (em orbita) |
Tempo de vida | 2 anos (confiabilidade de 0,6) |
CARACTERÍSTICAS ORBITAIS | |
Altitude média | 778 km |
Inclinação | 98,5 graus com o equador |
Revoluções por dia | 14 + 9/26 |
Período | 100,26 minutos |
Cruzamento do equador | 10h 30min |
CARACTERÍSTICAS DOS IMAGEADORES | |||
Imageadores > | CCD |
IR-MSS |
WFI |
Bandas Espectrais (?m) | 0,51 0,73 (pan) 0,45 0,52 0,52 0,59 0,63 0,69 0,77 0,89 |
0,50-1,10 pan 1,55-1,75 2,08-2,35 10,40-12,50 |
0,63-0,69 0,76-0,90 |
Resolução espacial (m) | 20 | 80 (pan e IV) | 260 |
Período de revisita (nadir): | 26 dias | 26 dias | 3-5 dias |
Período de revisita (off-nadir): | 3 dias (+/- 32º) | - | - |
Largura da faixa imageada | 113 km | 120 km | 890 km |
Ângulo de visada lateral | +/- 32º | - | - |
Tabela I-a. Satélites de Sensoriamento
Remoto
LANDSAT 7: EARTH RESOURCES TECHNOLOGY SATELLITE USA
CARACTERÍSTICAS GERAIS | |
Massa | ~2100 kg |
Potência do painel solar | Nd |
Dimensões do painel solar | Nd |
Dimensões do corpo | Nd |
Tempo de vida | > 5 anos |
CARACTERÍSTICAS ORBITAIS | |
Altitude média | 705 km |
Inclinação | 98.2 |
Revoluções por dia | ~14 |
Período | 98 minutos |
Cruzamento do equador | ~10h15min |
CARACTERÍSTICAS DOS IMAGEADORES | ||
Imageadores > | TM (LANDSAT 5) | ETM+ (LANDSAT 7) |
Bandas espectrais (?m) | 0,45 - 0,52 0,52 - 0,60 0,63 - 0,69 0,76 - 0,90 1,55 - 1,75 10,4 - 12,5 2,08 - 2,35 |
0,45 - 0,52 0,53 - 0,61 0,63 - 0,69 0,78 - 0,90 1,55 - 1,75 10,4 - 12,5 2,08 - 2,35 0,52 - 0,90 (pan) |
Resolução espacial (m) | 30m 120 m (termal) |
30 m 60 m (termal) 15 m (pan) |
Período de revisita | 16 dias | 16 dias |
Largura da faixa imageada | 185 km | 185 km |
Tabela I-b. Satélites de Sensoriamento Remoto
SPOT 4: SISTÉME PROBATOIRE DE LOBSERVATION DE LA TERRE - FRANCE
CARACTERÍSTICAS GERAIS | |
Massa | 2700 kg |
Potência do painel solar | 2.100 watts |
Dimensões do painel solar | 8m (comprimento) |
Dimensões do corpo | 2,0m x 2,0m x 5,6m |
Tempo de vida | >5 anos |
CARACTERÍSTICAS ORBITAIS | |
Altitude média | 822 km |
Inclinação | 98.7 |
Revoluções por dia | ~14 |
Período | 101.4 minutos |
Cruzamento do equador | ~10h30min |
CARACTERÍSTICAS DOS IMAGEADORES HRVIR | ||
Imageadores > | MULTIESPECTRAL |
PANCRO |
Bandas espectrais (?m) | 0,50 - 0,59 (verde) 0,61 - 0,68 (vermelha) 0,79 - 0,89 (infravermelho) |
0,61 - 0,68 |
Resolução espacial (m) | 20 m | 10 m |
Período de revisita (nadir): | 26 dias | 26 dias |
Período de revisita (off-nadir): | 3 dias | 3 dias |
Largura da faixa imageada | 117 km (2X60km) | 117 km (2X60km) |
Ângulo de visada lateral | +/- 27º | +/- 27º |
Tabela I-c. Satélites de Sensoriamento Remoto
PRODUTOS DE SENSORIAMENTO REMOTO
BERNARDO F. T. RUDORFF
Divisão de Sensoriamento Remoto
Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais
São José dos Campos-SP
bernardo@ltid.inpe.br
Sensoriamento Remoto Ótico
Sensoriamento remoto é um termo utilizado na área das ciências aplicadas que se refere à obtenção de imagens à distância, sobre a superfície terrestre. Estas imagens são adquiridas através de aparelhos denominados sensores remotos. Por sua vez estes sensores ou câmaras são colocadas a bordo de aeronaves ou de satélites de sensoriamento remoto - também chamados de satélites observação da Terra. Um sensor a bordo do satélite gera um produto de sensoriamento remoto denominado de imagem ao passo que uma câmara aerofotográfica, a bordo de uma aeronave, gera um produto de sensoriamento remoto denominado de fotografia aérea. Mais adiante vamos ver que um sensor remoto também pode ser utilizado para obter informações a poucos metros da superfície terrestre ou mesmo de amostras em laboratório para estudos específicos.
Antes do advento dos satélites de sensoriamento remoto na década de 70, do século passado, o uso de fotografias aéreas era muito comum e até hoje estas fotografias são insubstituíveis para muitas aplicações. Entretanto, notamos que com o avanço tecnológico as imagens dos sensores de satélites de sensoriamento remoto estão se aproximando da qualidade das fotografias aéreas. Todavia, para o momento, vamos nos ater às imagens obtidas por satélites de sensoriamento remoto e deixar as fotografias aéreas para outra discussão.
Existe hoje um grande número destes satélites em órbita ao redor da Terra. Eles obtêm imagens com características distintas que dependem tanto do satélite quanto do sensor. Os sensores podem ser comparados aos nossos olhos. Se olharmos para uma floresta que está distante conseguimos ver apenas uma mancha de árvores. À medida que nos aproximamos desta floresta começamos a identificar árvores isoladas e se nos aproximarmos ainda mais podemos até ver os diferentes tipos de folhas. A mesma experiência poderia ser feita à distância se dispuséssemos de um binóculo ou de uma luneta. Assim, precisamos entender algumas das características básicas dos satélites e de seus sensores para conhecermos a finalidade a que se destina cada produto ou imagem de sensoriamento remoto e o que podemos e não podemos "enxergar" nestas imagens.
Cararterística Espectral
Uma imagem de sensoriamento remoto colorida é resultante da combinação das três cores básicas (azul, verde e vermelho), associadas através de filtros às imagens individuais obtidas em diferentes comprimentos de onda ou faixas espectrais, conforme é apresentado nas Figuras 1, 2 e 3. Vemos que um mesmo objeto, por exemplo uma floresta, pode aparecer em tonalidade verde escuro (Figura 1), vermelho (Figura 2) ou verde intenso (Figura 3) dependendo da associação feita entre as cores e as imagens obtidas nas diferentes faixas espectrais do sensor. As imagens apresentadas nestas figuras foram obtidas pelo sensor Enhanced Thematic Mapper (ETM+) a bordo de um dos satélites americanos da série Landsat. Cabe lembrar que o sensor capta a energia refletida pelo objeto num determinado comprimento de onda, portanto, objetos claros refletem muita energia (p. ex. solo exposto) enquanto objetos escuros (p. ex. água sem sedimentos) refletem pouca energia. A vegetação reflete uma quantidade muito pequena de energia na faixa espectral do vermelho pois ela utiliza boa parte desta energia no processo da fotossíntese e, portanto, aparece em tonalidade escura na banda TM-3 que correspondente à faixa do vermelho (Figuras 2). Já na faixa do infravermelho próximo a vegetação reflete muita energia, em função da estrutura celular das folhas, de tal forma que aparece em tonalidade clara na banda TM-4 (Figura 2) que corresponde à faixa do infravermelho próximo.
Figura 1 Imagem em composição colorida utilizando as bandas TM-1 (azul), TM-2 (verde) e TM-3 (vermelho) do sensor ETM+ do satélite Landsat-7 (órbita 224, ponto 78) de 05 de agosto de 1999.
Figura 2 Imagem em composição colorida utilizando as bandas TM-2 (verde), TM-3 (vermelho) e TM-4 (infravermelho próximo) do sensor ETM+ do satélite Landsat-7 (órbita 224, ponto 78) de 05 de agosto de 1999.
Figura 3 Imagem em composição colorida utilizando as bandas TM-3 (vermelho), TM-4 (infravermelho próximo) e TM-5 (infravermelho médio) do sensor ETM+ do satélite Landsat-7 (órbita 224, ponto 78) de 05 de agosto de 1999.
Característica Espacial
O nível de detalhe com que podemos observar os objetos da superfície terrestre é outra característica importante das imagens de sensoriamento remoto à qual damos o nome de resolução espacial, ou seja, a capacidade que o sensor possui para discriminar objetos em função do seu tamanho. As imagens do Landsat-TM tem uma resolução espacial de 30 metros, o que implica que objetos com dimensões menores do que 30 x 30 m não podem ser identificados. A resolução espacial dos sensores a bordo dos satélites de sensoriamento remoto varia de 1 metro até 1 km. A Figura 4 apresenta uma imagem do satélite IKONOS-II com resolução espacial de 1 m na qual podemos observar nitidamente feições locais como o traçado das ruas e até mesmo árvores e casas. A Figura 5 apresenta uma imagem do sensor WFI, a bordo do satélite sino-brasileiro CBERS-1 (China-Brazil Earth Resources Satellite), com resolução espacial de 260 m na qual podemos observar feições regionais como a distribuição das cidades ao longo do eixo Rio-São Paulo. Na Figura 6 é apresentada uma imagem do sensor AVHRR, a bordo do satélite NOAA, com uma resolução espacial de 1 km na qual observamos feições globais como por exemplo distribuição da cobertura vegetal no território brasileiro.
Figura 4 Imagem do satélite IKONOS-II com resolução espacial de 1x1m (cedida pela Intersat), permitindo uma visão local sobre o aeroporto no Paraguai.
Figura 5 Imagem do WFI, a bordo do satélite CBERS-1, com resolução espacial de 260x260m, permitindo uma visão regional de parte dos estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais
Figura 6 Imagem do satélite NOAA do sensor AVHRR com resolução espacial de 1000x1000m (Shimabukuro & Rudorff, 2000), permitindo uma visão global.
Característica Temporal
A freqüência com que a superfície terrestre é observada ou imageada é uma terceira característica importante das imagens de sensoriamento remoto. Os satélites de sensoriamento remoto orbitam ao redor da Terra em órbitas quase polar, ou seja, de um polo a outro a uma distância da superfície terrestre em torno de 800 km, conforme é exemplificado para o satélite CBERS na Figura 7. Através da combinação sincronizada da velocidade do satélite com a rotação da Terra é possível recobrir todo planeta após um certo número de dias. Cada passagem do satélite é chamada de órbita. Dependendo do sensor, a órbita de imageamento pode ser mais larga ou mais estreita. Satélites com sensores de órbita de imageamento larga, como o NOAA-AVHRR (2.700 km), recobrem a superfície terrestre diariamente, enquanto satélites com órbita de imageamento estreita, como o IKONOS-II (11 km), podem levar quase um ano para imagear todo o planeta. Os satélites da série Landsat tem uma órbita de imageamento de 185 km e recobrem todo o planeta a cada 16 dias, ou seja, podemos obter uma imagem de uma determinada área a cada 16 dias e dizemos que a resolução temporal do Landsat é de 16 dias. Entretanto, é importante notar que para se obter imagens da superfície terrestre não pode haver a presença de nuvens pois elas formam um anteparo entre o satélite e a superfície. Durante o período de inverno que corresponde à estação seca a probabilidade de se obter imagens livres de nuvens é alta.
Figura 7 Órbita do satélite CBERS: altitude 778 km; inclinação 98,504o; período 100,26 min.
Característica Espacial versus Temporal
Com base no exposto acima concluímos que existe uma relação entre o nível de detalhe (resolução espacial) e a freqüência de observação (resolução temporal) da superfície terrestre pelo satélite. A Figura 8 é uma representação da órbita de imageamento dos três sensores do satélite CBERS CCD, IRMSS e WFI. O sensor CCD distingue objetos com dimensões de até 20 metros e sua largura de órbita é de 120 km, fazendo com que a freqüência de revisita seja de 26 dias. O sensor WFI, que distingue objetos com dimensões de 260 metros, possui uma largura de órbita de imageamento de 890 km e recobre todo o planeta em apenas 5 dias. Neste momento podemos perguntar qual destes sensores é melhor? E a resposta vai depender do que estamos querendo observar na superfície terrestre. Se estamos querendo monitorar o andamento do cultivo da soja no Paraná certamente vamos optar pelas imagens do WFI, pois o objetivo é observar grandes áreas várias vezes ao longo do ciclo de desenvolvimento da cultura. Se por outro lado, quisermos mapear as áreas plantadas com café no estado do Paraná vamos optar pelas imagens do CCD, pois queremos observar áreas pequenas e basta uma cobertura de imagens do estado por ano para realizarmos este mapeamento anualmente.
Figura 8 As diferentes órbitas de imageamento dos sensores a bordo do CBERS-1: WFI 890 km; CCD 120 km; e IRMSS 113 km.
Imagens adquiridas no Brasil
O Brasil recebe as imagens dos satélites de sensoriamento remoto para todo o território brasileiro e boa parte da América do Sul através de uma antena de recepção localizada no centro geométrico da América do Sul em Cuiabá-MT. Existem hoje dezenas de satélites de sensoriamento remoto pertencentes a diferente países. O Brasil recebe as imagens dos satélites Landsat-5 e -7, CBERS-1, SPOT e NOAA-AVHRR. Imagens do satélite IKONOS-II podem ser adquiridas do Brasil através do gravador de bordo e posterior transmissão dos dados para uma estação de recepção nos EUA. Desde fevereiro de 2001, o Brasil está gravando também as imagens do satélite canadense RADARSAT. Este satélite gera imagens na faixa das microondas na qual a radiação proveniente da superfície terrestre é detectada por meio de antenas, e não através de um sistema de lentes e detetores como é o caso dos demais satélites de sensoriamento remoto ótico apresentados neste capítulo.
Comportamento Espectral
Como havíamos mencionado anteriormente, um sensor remoto também pode ser utilizado para obter informações a poucos metros da superfície terrestre ou mesmo de amostras em laboratório. Neste caso não se obtém imagens mas sim um gráfico que relaciona a quantidade de energia refletida com o comprimento de onda. Chamamos de comportamento espectral de alvos aos estudos relacionados com a obtenção de medidas a campo ou em laboratório, utilizando sensores denominados de espectrorradiômetros, com a finalidade de verificar como os alvos ou objetos refletem a energia incidente, em função das suas características bio-fisico-químicas ao longo de determinadas faixas do espectro eletromagnético. Estes estudos propiciam definir adequadamente as bandas espectrais de sensores a bordo de satélites, além de permitir um melhor entendimento sobre a interação da radiação eletromagnética com os objetos e consequentemente identificá-los de forma correta nas imagens dos satélites. A Figura 9 mostra a obtenção de medidas com um espectrorradiômetro a campo sobre a cultura do trigo.
Figura 9 Comportamento espectral de
alvos na região visível e infravermelho próximo do espectro eletromagnético.
SENSORIAMENTO REMOTO E SUAS APLICAÇÕES PARA RECURSOS NATURAIS
TANIA MARIA SAUSEN
Coordenadoria de Ensino, Documentação e Programa Especiais
Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais
São José dos Campos-SP
tania@ltid.inpe.br
INTRODUÇÃO
Os recursos naturais e o meio ambiente da Terra estão em mudanças contínuas em resposta à evolução natural e às atividades humanas. Para compreender o complexo inter-relacionamento dos fenômenos que causam estas mudanças é necessário fazer observações com uma grande gama de escalas temporais e espaciais. A observação da Terra por meio de satélites é a maneira mais efetiva e econômica de coletar os dados necessários para monitorar e modelar estes fenômenos, especialmente em países de grande extensão territorial, como o Brasil.
Através de softwares dedicados exclusivamente para tratamento de imagens, pode-se gerar imagens com diferentes composições de cores, ampliações de partes das imagens e classificações temáticas dos objetos nelas identificados, obtendo-se assim produtos como mapas temáticos que são usados para estudos de geologia, vegetação, uso do solo, relevo, agricultura, rede de drenagem, inundações, entre outros.
Estes produtos, apresentados sobre áreas específicas ou sobre um contexto mais regional, permitem diagnósticos eficientes, propõem soluções de baixo custo e criam alternativas inteligentes para os desafios enfrentados face às mudanças aceleradas que observamos em nosso território.
Os dados de sensoriamento remoto tem-se mostrado extremamente úteis para estudos e levantamentos de recursos naturais, principalmente por:
• sua visão sinótica, que permite ver grandes extensões de área em uma mesma imagem;
• sua resolução temporal que permite a coleta de informações em diferentes épocas do ano e em anos distintos, o que facilita os estudos dinâmicos de uma região;
• sua resolução espectral que permite a obtenção de informações sobre um alvo na natureza em distintas regiões do espectro, acrescentando assim uma infinidade de informações sobre o estado dele;
• sua resolução espacial, que possibilita a obtenção de informações em diferentes escalas, desde as regionais até locais, sendo este um grande recurso para estudos abrangendo desde escalas continentais, regiões até um quarteirão.
Desde o lançamento do primeiro satélite de recursos terrestres, o LANDSAT em junho de 1972, grandes progressos e várias pesquisas foram feitas na área de meio ambiente e levantamento de recursos naturais fazendo uso de imagens de satélite.
Após o advento destes satélites os estudos ambientais deram um salto enorme em termos de qualidade, agilidade e número de informações. Principalmente os países em desenvolvimento foram os grandes beneficiados desta tecnologia, pois através de seu uso é possível:
•
atualizar a cartografia existente;
• desenvolver mapas e obter informações sobre áreas
minerais, bacias de drenagem, agricultura, florestas;
• melhorar e fazer previsões com relação ao planejamento
urbano e regional;
• monitorar desastres ambientais tais como enchentes, poluição
de rios e reservatórios, erosão, deslizamentos de terras, secas;
• monitorar desmatamentos;
• estudos sobre correntes oceânicas e movimentação
de cardumes, aumentando assim a produtividade na pesca;
• estimativa da taxa de desflorestamento da Amazônia Legal;
• suporte de planos diretores municipais;
• estudos de Impactos Ambientais (EIA) e Relatórios de Impacto
sobre Meio Ambiente (RIMA);
• levantamento de áreas favoráveis para exploração
de mananciais hídricos subterrâneos;
• monitoramento de mananciais e corpos hídricos superficiais;
• levantamento Integrado de diretriz para rodovias e linhas de fibra ótica;
• monitoramento de lançamento e de dispersão de efluentes
em domínios costeiros ou em barragens;
• estimativa de área plantada em propriedades rurais para fins
de fiscalização do crédito agrícola;
• identificação de áreas de preservação
permanente e avaliação do uso do solo;
• implantação de pólos turísticos ou industriais;
• avaliação do impacto de instalação de rodovias,
ferrovias ou de reservatórios;
Um exemplo de um produto regional é o planejamento regional que envolve pesquisadores de diversas áreas dos recursos terrestres, para realizar um trabalho de levantamento integrado com base na técnica de sensoriamento remoto aliado a dados sócio-econômicos dos municípios de toda região.O resultado deste estudo permite que programas de desenvolvimento sejam estabelecidos para toda a região, de maneira harmônica, considerando as necessidades reais dos municípios e sua vulnerabilidade quanto ao meio ambiente físico.
Outro exemplo muito oportuno trata do uso de imagens de satélite como âncora para o Zoneamento Ecológico e Econômico de regiões onde a ação antrópica ainda não aconteceu de forma intensa, como no caso da Amazônia. Neste exemplo, pesquisadores analisam uma área procurando identificar seus principais atributos físicos a fim de conhecer a vocação natural das paisagens e seu nível de suporte para desenvolvimento ou preservação.
Um exemplo menos regional se refere à utilização de imagens de satélite adquiridas durante o período de preparo do solo, para estimar a área plantada com a cultura da soja, trigo, milho, cana-de-açúcar, etc.
A vantagem do sensoriamento remoto por satélite é que as informações são adquiridas na forma digital ou fotográfica e podem ser atualizadas devido à característica de repetitividade de aquisição das imagens.
NÍVEIS DE COLETA DE DADOS
Os dados de sensoriamento remoto podem ser coletados em diferentes níveis:
•
terrestre;
• aéreo;
• orbital.
Em função
dos níveis de coleta, são utilizados diferentes sensores e obtidos
diferentes dados. A figura 1 dá um exemplo dos níveis de coleta
de dados em sensoriamento remoto.
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Figura 1
- Diferentes níveis de coleta de dados em sensoriamento remoto: terrestre
(a poucos metros da superfície), aéreo (aeronave) e orbital (satélite).
Dependendo do nível de coleta os dados apresentam diferentes resoluções
espaciais e temporais, assim dados coletados de satélites podem ser utilizados
para:
•
estudos continentais, tais como mapeamento e monitoramento de
massas d’água oceânicas ou de toda a extensão territorial
do país, utilizando-se os dados do satélite NOAA-AVHRR (Figura
2)
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Figura 2 – Mosaico de Imagens NOAA-AVHRR da América do Sul
• estudos regionais, tais como mapeamento de uma região inteira ou da área de um estado, utilizando imagens do sensor do sensor WFI do satélite CBERS;
• estudos regionais/locais, utilizando-se por exemplo dados do sensor TM pancromática do satélite LANDSAT 7, imagens do satélite SPOT ou do sensor CCD do CBERS para planejamento urbano-regional, estudos de áreas agrícolas em média escala ou em escala mais local;
•
estudos em detalhe, de áreas urbanas em escala local, que
permite distinguir um quarteirão, utilizando-se imagens do satélite
IKONOS (Figura 3)
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Figura 3 – Imagens de Foz do Iguaçu – sensor WFI do satélite CBERS (escala regional), sensor TM do satélite LANDSAT (escala regional/local) e imagem do satélite IKONOS escala de detalhe), respectivamente
Estações de rastreio
Existem
estações de rastreio de satélites de recursos terrestres
em todos os continentes, formando uma rede de estações que permite
que sejam coletadas informações sobre a superfície terrestre
em todas as latitudes e longitudes. A figura 4 apresenta a distribuição
das estações de rastreio ao redor do mundo.
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Figura 4- Localização, ao redor do mundo, das estações de rastreio dos satélites de recursos terrestres, as estações que recobrem a América do Sul estão localizadas na Argentina, Brasil e Equador.
Cada sensor
a bordo dos satélites apresenta distintas bandas que operam em diferentes
faixas do espectro eletromagnético, conhecendo o comportamento espectral
dos alvos na superfície terrestre é possível escolher as
bandas mais adequadas para estudar os recursos naturais (Figura 5).
Banda 1 |
Banda 2 |
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Banda
3 |
Banda
4 |
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Figura 5- Aplicações das bandas da Câmara CCD do satélite CBERS
Análise visual de dados de sensoriamento remoto
A análise visual de dados de sensoriamento remoto (fotografias aéreas e imagens de satélite) pode utilizar alguns elementos que facilitam a caracterização dos alvos existentes na superfície terrestre. Estes elementos são:
• Padrão
• Tonalidade e cor
• Forma e tamanho
• Textura
• Sombra
a) Padrão- Este conceito indica que um alvo no dado de sensoriamento remoto apresenta uma organização peculiar que o distingue de todos os outros.Este elemento é bastante utilizado em fotografias aéreas e em imagens de alta resolução.
Em estudos
de bacias de drenagem o padrão de drenagem é um elemento importante,
pois ele está associado ao tipo de solo, rocha e estrutura geológica
na área que está sendo estudada (Figura 6)
Figura 6- Imagem do Sensor AVIRIS apresentando dois padrões de drenagem diferente.
O Padrão
também nos permite identificar alguns tipos de coberturas artificiais
tais como plantações, áreas de reflorestamento, áreas
urbanas, distritos industriais, algumas áreas de lazer, etc (Figura 7)
Figura 7- padrão típico de áreas agrícolas, imagem LANDSAT-TM
b) Tonalidade e cor– a tonalidade refere-se a intensidade de energia eletromagnética refletida por um tipo de alvo na superfície terrestre, em uma determinada banda do espectro eletromagnético, em outras palavras, a tonalidade está estreitamente relacionada com o comportamento espectral das diferentes coberturas da superfície terrestre.
Em uma imagem de satélite, estas diferentes quantidades de energia refletida pelos alvos são associadas a tons de cinza, isto é, quanto mais energia um alvo reflete mais energia chega ao sensor a bordo do satélite. Assim este alvo será associado a um tom de cinza claro. Se ao contrário, o alvo na superfície da terra reflete pouca energia, menos energia chegará ao sensor. Assim este alvo será associado a tons de cinza mais escuro (Figura 8)
O olho humano
é mais sensível a cores que à tons de cinza. As cores que
podemos ver é fruto da reflexão seletiva dos alvos existentes
na superfície terrestre, nas distintas bandas do espectro eletromagnético.
Assim, para facilitar a interpretação visual dos dados de sensoriamento,
são associadas cores aos tons de cinza (Figura 8)
Figura 8- Imagem LANDSAT /TM do encontro das águas dos rios Solimões (azul claro) e Negro (preto) formando os rio Amazonas
c)
Forma e tamanho- A forma é um elemento importante para auxiliar
na interpretação visual de dados de sensoriamento remoto, ela
facilita o reconhecimento de alguns alvos na superfície terrestre, tais
como: estradas e linhas férreas (que apresentam formato longitudinal),
cultivos(que tem formas regulares e bem definidas pois as culturas são
plantadas em linha ou em curva de nível), reflorestamentos (que tem formas
regulares), áreas irrigadas por pivô central (que apresentam formas
arredondadas) reservatórios, complexos industriais, aeroportos, estruturas
geológicas e geomorfológias, cidades (que apresentam formas reticulares
devido aos cruzamentos de suas avenidas e ruas), rios ( que apresentam forma
sinuosa) etc. (Figura 9, 10, 11).
Figura 9-
Imagem IKONOS de área agrícola com padrão quadriculado
bem definido
Fonte : http://www.engesat.com.br
Figura 10- Imagem IKONOS com forma característica de sistema viário
Figura 11- Imagem IKONOS com forma característica de aeroporto
Paralelamente
a forma deve-se também levar em consideração o tamanho
dos alvos, pois algumas vezes alvos diferentes apresentam formas semelhantes,
mas tamanhos diferentes, o que auxilia na sua caracterização,
por exemplo, as áreas de horticultura tem forma semelhante às
áreas de plantio de cana-de-açúcar, porém elas tem
tamanhos diferentes. O mesmo acontece com rios, os rios principais e os tributários
têm a mesma forma sinuosa, mas tamanhos diferentes (Figura 12).
Figura 12- Imagem CBERS apresentando açudes, no estado do ceará com tamanhos diferentes. O açude grande é o açude de Orós.
d)
Textura- é a qualidade que se refere a aparente rugosidade ou
suavidade de um alvo em uma imagem de sensoriamento remoto, ela pode “ser
entendida como sendo o padrão de arranjo espacial dos elementos texturais.
Elemento textural é a menor feição contínua e homogênea
distinguível em uma fotografia aérea, porém passível
de repetição, por exemplo, uma árvore” (Moreira,
2001).A textura varia de lisa a rugosa (Figura 13).
Figura 13- Imagens do sensor AVIRIS apresentando duas texturas distintas.
e)
Sombra – é outro elemento importante na interpretação
de imagens de satélite, na maioria das vezes ela dificulta a interpretação
das imagens, porque ele esconde a informação onde ela está
sendo projetada. De um modo geral o relevo sempre provoca uma sombra do lado
oposto a incidência do sol, fazendo com que estas áreas apresentem
tonalidades escuras na imagem, dificultando assim a caracterização
dos alvos na superfície terrestre (Figura 14)
Figura 14- Imagem CBERS apresentando a nuvem em branco e a sombra da nuvem em preto, esta última confunde-se com a tonalidade preta da água do açude que está na porção inferior da imagem.
Reconhecimento e caracterização de alvos na imagem de Foz de Iguaçu
As cartas-imagem de Foz do Iguaçu é fruto de uma composição colorida das bandas 2, 3 e 4 da Câmara CCD do satélite CBERS. Foram feitas duas combinações de bandas, por esta razão as cartas-imagem apresentam cores diferentes.
Na carta-imagem onde os alvos aparecem em cores naturais, isto é, como elas são vistas na natureza, tal como as fotografias que tiramos durante as férias com câmaras fotográficas comuns, a combinação de bandas foi feita na seguinte ordem: a cor azul foi associada à banda 1 (visível), a cor verde à banda 2 (visível) e a cor vermelha à banda 3(visível).
Na carta-imagem
onde a vegetação aparece na cor vermelho vivo, a combinação
de bandas foi feita da seguinte forma: a cor azul foi associada à banda
2 (visível), a cor verde à banda 3(visível) e a cor vermelha
à banda 4 (infra-vermelho próximo). Esta combinação
é chamada de falsa-cor, porque os alvos aparecem na imagem em cores falsas,
e não como são vistos na natureza. Este tipo de combinação
é muito usado para identificação de diferentes tipos de
matas ou diferenciar áreas de mata sadia das atacadas por enfermidades,
ou para realçar sedimentos em suspensão na água.
A seguir serão caracterizados alguns objetos (alvos) observados nas cartas-imagem
de Foz do Iguaçu, mas antes desta caracterização deve-se
levar em consideração a reflectância espectral dos objetos
na superfície terrestre em função das bandas espectrais
dos sensores a bordo dos satélites (Figura 6).
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Figura 6-Relação entre as bandas espectrais dos sensores remotos a bordo de satélites e a reflectância de objetos (alvos) na superfície terrestre
Na figura 6 cada objeto (alvo) na superfície terrestre apresenta uma curva espectral, que indica a reflectância espectral de cada um deles nas diferentes bandas espectrais que compõem os sensores remotos. Cada objeto (alvo) reflete de forma distinta nas bandas do visível e do infra-vermelho.
Assim quanto maior for o pico de reflectância neste gráfico, mais clara será a cor do objeto (alvo) caracterizado na imagem, quanto menor for o pico de reflectância no gráfico, mais escura será a cor do objeto (alvo) caracterizado na imagem.
Alvo 1: Lago do reservatório de Itaipu (Figuras 7, 8 e 9):
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Figura 7 – Lago do reservatório de Itaipu ao luar e barragem e vertedouro da hidrelétrica de Itaipu.
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Estas duas figuras apresentam a superfície da água do lago do reservatório de Itaipu (na parte superior); a barragem da hidrelétrica; um trecho do rio Paraná; áreas de mata; ao redor do rio; áreas características de atividades humanas; nuvens (em branco) e a sombra das nuvens (em preto). A Figura 8 corresponde a carta-imagem com as cores naturais e a Figura 9 a carta-imagem em falsa cor.
Em ambas a superfície d’água do lago do reservatório de Itaipu apresenta grande quantidade de sedimentos em suspensão (silte e argila), que interferem na transparência d’água. Por apresentarem cor clara, em ambas cartas-imagens, indica que a água apresenta um pico alto de reflectânica, nas bandas do visível. Em estudos de qualidade d’água esta tonalidade clara na água é indicativa de águas túrbidas, algumas com aspecto barrento, denotando o transporte de sedimentos em suspensão.
As áreas de mata na figura 8 aparecem em tons de verde escuro e na figura 9 em tons de vermelho vivo. As áreas de atividades humanas em ambas as figuras aparecem em tonalidades de verde claro, indicando alguma reflectância do solo exposto.
Alvo 2: Áreas agrícola (Figuras 10 e 11)
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As figuras 10 e 11 apresentam áreas de agricultura e de mata ciliar. Os tons rosados na figura 10 e os esverdeados na figura 11 representam áreas agrícolas, com diferentes graus de exposição do solo, ou seja, a cultura já foi colhida e o solo deve estar em preparação para o próximo plantio. Este tipo de alvo é facilmente reconhecido por apresentar forma geométrica bem definida.
As áreas em verde claro na figura 10 e rosa na figura 11 representam áreas agrícolas com a presença de vegetação, ou seja, ainda não colhidas. As áreas em verde escuro e vermelho vivo ao longo dos rios são áreas de mata ciliar.
Alvo 3: Cataratas do Iguaçu (Figuras 12, 13 e14)
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Figura 12: Mata do Parque Nacional do Iguaçu e Cataratas do Iguaçu
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As figuras 13 e 14 mostram a mata do Parque Nacional do Iguaçu (em verde escuro na figura 13 e vermelho vivo na figura 14), o rio Iguaçu (em rosa claro na figura 13 e verde na figura 14) e as cataratas do Iguaçu em tonalidade branca nas duas figuras. As tonalidades claras apresentadas pelo rio Iguaçu nas duas figuras, são indicativas de águas túrbidas, com grande concentração de sedimentos em suspensão. A tonalidade homogênea na área de mata é indicativa de áreas de mata densa.
Nestas duas figuras é possível ver claramente o momento em que o canal do rio Iguaçu sofre um estreitamento e passa a correr, encaixado, numa falha geológica dando origem as cataratas.
Alvo 4: Cidade de Foz do Iguaçu (Figuras 15, 16 e 17)
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Figura 15- Vista aérea da cidade de Foz do Iguaçu
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As figuras 16 e 17 apresentam a cidade de Foz do Iguaçu nas cartas-imagens, a figura 16 corresponde a carta-imagem em cores naturais e a figura 17 na carta imagem em falsa cor. Pode-se observar também nestas figuras a presença de áreas de mata principalmente na porção oeste.
Alvo 5: Encontro dos rios Iguaçu e Paraná (Figuras 18, 19 e 20)
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Figura 18- Vista do rio Paraná e do Espaço das Américas no encontro dos rios Paraná e Iguaçu
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As figuras 19 e 20 apresentam o encontro dos rios Iguaçu e Paraná, sendo possível observar-se na porção leste parte da cidade de Foz do Iguaçu, ao sul parte da cidade de Puerto Iguazu, na Argentina e a oeste parte da Ciudad Deleste, no Paraguai.
Nestas duas figuras podem-se observar áreas de mata (verde escuro na figura 19 e vermelho na figura 20), áreas urbanas em tonalidades claras nas duas figuras e tonalidades claras nas águas do rio Paraná e Iguaçu, indicativas da presença de sedimentos em suspensão, sendo, portanto águas túrbidas com pouca transparência.
Bibliografia:
CHUVIECO, E.; Fundamentos de teledetección espacial; 3ª edición revisada, Ediciones Rialp S.A.; Madrid, Espanha, 1996
MOREIRA,
M.A.; Fundamentos de Sensoriamento Remoto e Metodologias de Aplicação;
1ª edição, São José dos Campos, SP, 2001
CARTOGRAFIA PARA PROFESSORES DO ENSINO FUNDAMENTAL
PAULO CÉSAR GURGEL DE ALBUQUERQUE
Divisão de Sensoriametno Remoto
Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais
São José dos Campos-SP
gurgel@ltid.inpe.br
Antes mesmo da invenção da escrita a cartografia, como atividade, já era conhecida na Pré-História. Como vocábulo Cartografia foi criado pelo historiador português Visconde de Santarém em carta de 8 de dezembro de 1839 escrita em Paris e dirigida ao historiador brasileiro Adolfo de Varnhagem. Antes da consagração deste termo o vocábulo usado era cosmografia.
Seja vocábulo ou atividade o importante é saber que a cartografia é um misto de arte, ciência e tecnologia, responsável pela elaboração dos mapas onde são assentadas as informações geográficas, bases sobre as quais se constroem decisões e soluções para os problemas sócio-economicos e técnicos apresentados.
A cartografia foi a principal ferramenta usada pela humanidade para conhecer e ampliar os espaços territoriais e organizar essas ocupações. Hoje ela está presente no cotidiano da sociedade, seja levando soluções para problemas, urbanos, de segurança, saúde pública, turismo, meio ambiente, navegação ou auxiliando outras atividades.
Conceitos, Definições e Conceitos
Conceitualmente, a cartografia pode ser entendida como uma ferramenta, atividade meio, usada para auxiliar no diagnóstico e no delineamento de soluções para problemas sociais, econômicos, culturais, de engenharia etc...apresentados. Seu uso é abrangente.
Valendo-se para a consecução de seus objetivos, de diversas ciências e tecnologias, a cartografia constrói seu produto conforme as necessidades exigidas e o entrega na forma de mapas, único instrumento capaz de representar em escala, com o grau de exatidão requerido, todas as informações geográficas, quantitativas e temáticas, componentes necessárias ao planejamento.
A cartografia pode ser vista, neste caso, como a primeira ferramenta a ser utilizada antes que outras venham ser empregadas.
Constata-se que o produto cartográfico está associado a uma necessidade de apresentação e expressão de resultados. Um produto cartográfico, elaborado com o objetivo de expressar um conjunto de informações, deve ser ajustado às necessidades de apresentação impostas por essas informações, por meio de procedimentos e normas técnicas capazes de assegurar que o mapa elaborado satisfará as exigências originais do projeto
Pode ser dito, também, partindo dessa constatação, que a cartografia é a linguagem de expressão do sensoriamento remoto, sendo portanto flexível para se ajustar as diferentes imagens&informações, produzidas pelos sensores remotos atuais e pelas novas metodologias usadas no processamento e interpretação desses dados
Atributos da Cartografia
A cartografia é capaz de expressar informações quantitativas e qualitativas, decorrentes de fenômenos ocorridos, que estejam ocorrendo ou que venham acontecer. Para tal a cartografia deve assegurar que o mapa responda as seguintes questões:
Espacial
Onde ocorre o fato
Qual a forma
Quais são as dimensõesTemporal
Quando ele ocorreuTemático
Qual o tipo de ocorrência
Forma da Terra
Quando se pretende representar um objeto segundo uma projeção, é importante que se conheça a forma e as dimensões do objeto. Na cartografia a forma da Terra é um fator importante que deve ser considerado, pois é esta figura que será desenvolvida em um plano, utilizando alguns dos modelos de projeção conhecidos.
A Terra em uma primeira aproximação pode ser considerada uma esfera perfeita, entretanto quando se deseja representá-la com mais detalhe e exatidão, faz-se necessário conhecer sua forma e dimensões com maior precisão, assunto que é estudado pela Geodésia.
A forma real da Terra é irregular. Conhecida como geóide, exige uma superfície regular que melhor ajuste-se a ela, para que as operações cartográficas possam ser realizadas. Esta superfície chamada de elipsóide é a figura a ser projetada sobre um plano. Ela é definida pelo sistema geodésico de cada País.
Inicialmente vamos revisar os conceitos de Paralelos e Meridianos, Latitudes e Longitudes para melhor conhecer os problemas decorrentes dessa representação:
• Paralelos: Círculos concêntricos ao eixo da terra, paralelos ao círculo do equador, sendo cada paralelo definido a partir dos pontos de mesma latitude.
• Latitudes: Distância angular medida a partir do equador até o paralelo ou seja o ângulo formado pela linha que sai do centro da Terra e intercepta a superfície da Terra em um determinado local.
As latitudes
variam de 0o, Latitude no Equador a 90o nos pólos e são indicadas
da seguinte forma:
a-hemisfério Norte: Latitude = 10o 22’ 33” N
b-hemisfério Sul: Latitude = ?10o 22’ 33” ou 10o 22’
33” S (Figura 1)
Figura-1: Esquema gráfico mostrando os paralelos e as latitudes
Meridianos: Círculos
com raio igual ao raio da Terra (círculos máximos), perpendiculares
ao plano do equador terrestre e que se interceptam nos pólos (posição
definida pelo eixo de rotação da Terra )
• Longitudes: Distância angular entre dois meridianos, contada no sentido Este – Oeste, isto é paralelo ao plano do equador. É também o ângulo formado entre dois raios de um mesmo paralelo.
A longitude varia de 0o, Longitude no meridiano de Greenwich, a 180 o no antimeridiano (semi-círculo de um determinado meridiano compreendido entre os pólos Norte e Sul ) de Greenwich sendo indicada da seguinte forma:
a-Longitudes
a Este do meridiano de Greenwich = 45o 32’ 43” E
b-Longitudes a Oeste do meridiano de Greenwich = ?45o 32’ 43” ou
45o 32’ 43” W (Figura 2)
Figura-2:
Esquema gráfico mostrando os meridianos e as longitudes
Assim, as linhas: paralelos e meridianos, constituem a rede que é utilizada para definição, das latitudes e longitudes, sistema de coordenadas responsável pelo posicionamento dos alvos na superfície da Terra, conforme apresentado na Figura 3.
Figura-3: Rede de paralelos e meridianos impressa sobre uma imagem do GOES
Escala
Número adimensional utilizado para indicar de quanto está reduzida as dimensões de uma região de maneira que ela possa ser representada sobre uma folha de papel.
Ex: 1/1000. Esta notação informa que no mapa uma determinada área tem suas dimensões reduzidas 1000 vezes. Assim podemos dizer que 1mm no mapa correspondia a 1000 mm no terreno ou que, 1cm a 1000cm no terreno etc...
As escalas
podem ser representadas numericamente, por exemplo 1/26.000, ou graficamente.
Neste caso esta relação, que indica a escala, é transformada
em uma régua onde as distâncias são lidas diretamente (Figura
4).
Figura-4: Representação gráfica de uma escala
Classificação das escalas
Em cartografia
podemos dividir as escalas em 2 conjuntos, o primeiro chamaremos de escalas
regionais, são escalas pequenas que transmitem poucos detalhe, mas de
grande utilidade quando se deseja mapas de vastas regiões do globo (Figura-5).
O outro conjunto é formado pelas as escalas locais, que transmitem grande
riqueza de detalhes, mas com pouquíssima abrangência regional (Figura
6).
Figura 5- Escala regional (1:5.000.000) Figura 6- Escala local (1:5.000), Imagens IKONOS de Campos do Jordão, SP Fonte: http://www.intersat.com.br |
Esses dois conjuntos podem ser chamados de escalas pequenas e grandes, respectivamente. A prática cartográfica define também uma escala intermediária conhecida como escala média. Esta escala é usada nos mapeamentos de grandes áreas e com grau de detalhamento necessário para o subsidiar o planejamento econômico regional, servindo de base à elaboração de estudos e projetos que envolvem ou modificam o meio ambiente, assim como a representação de áreas desenvolvidas ou sensíveis a investimentos governamentais, visando subsidiar o planejamento setorial em todos os níveis de governo (Figura 7).
Figura 7- Escala média (1:100.000), Imagem CBERS de São José dos Campos, SP |
A figura 8 apresenta alguns exemplos de escalas.
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Imagem LANDSAT/TM- Escala 1:250.000 |
Imagem LANDSAT/TM- Escala 1:100.000 |
Figura 8- Exemplos de distintas escalas, utilizando uma mesma imagem
Na tabela 1 está a esta classificação das escalas pelo intervalo de uso e abrangência. Estas mesmas escalas estão ilustradas na figura 9.
Tabela-1: Classificação das escalas quanto ao uso e abrangência
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Projeções
Projeções são modelos geométricos ou analíticos adotados para se representar à superfície da Terra, total ou parcial, a ser mapeada sobre um plano horizontal. As projeções cartográficas possuem características que garantem a elaboração de mapas para todos os tipos de uso e aplicação. Elas podem ser classificadas:
• Quanto ao modelo de desenvolvimento (vide anexos 1, 2 e 3 )
Cilíndricas
Normais
Transversas
OblíquasCônicas e ou Policônicas
Normais
TransversasPlanas
Polares
Equatoriais
Oblíquas• Quanto aos atributos
Equidistantes
distância medida sobre um meridiano no mapa = distância medida no terreno
distância medida sobre um paralelo no mapa = distância medida no terrenoEquivalentes
área de uma superfície medida no mapa = área dessa superfície no terreno
Conformes
forma observada no mapa = forma real do alvo.
Azimutais
direção azimutal no mapa = direção azimutal no terreno
Tipos de mapas
Os mapas são divididos em 3 tipos de documentos: topográfico, temático e especial. O mapa topográfico é o principal, pois sobre ele assentam-se informações de temas específicos, tais como vegetação, geologia, sistemas ferroviários etc.
Face ao exposto, podemos escrever que a cartografia contempla os seguintes documentos:
• Cartas Topográficas: Aplica-se este termo aos documentos cartográficos produzidos em escalas grandes que visem à representação da superfície do terreno e sua ocupação.
• Cartas ou mapas temáticos: São documentos cartográficos que tem por objetivo mostrar temas específicos, voltados a interesses comuns em diversas aplicações (Figura 10).
• Cartas ou mapas especiais: Semelhantes aos temáticos, entretanto fornecem informações somente para uma única aplicação.
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Informações marginais (Legenda)
A legenda é parte integrante de qualquer mapa. Ela é constituída de um conjunto de símbolos e informações que, exibida em uma das margens do mapa, auxiliará o usuário a ler, compreender, interpretar e julgar um determinado documento cartográfico.
Uma legenda constitui-se da apresentação de todas as convenções aplicadas no mapa e de informações complementares para que essa leitura seja realizada, tais como:
•
Escala, projeção e elementos para orientação do
mapa,
• Área de abrangência e localização no Globo,
Continente, País, Região, Estado ou Município,
• Articulação com os mapas vizinhos (quando houver),
• Época de execução das fases do trabalho,
• Organização executora,
• Convenções e símbolos cartográficos,
• Coordenadas geográficas e/ou UTM quando for o caso,
• Fragmentos das imagens que deram origem ao mapa podem, também
ser utilizados na legenda de alguns tipos de documentos cartográficos,
para mostrar como os elementos do terreno são representados nesses mapas.
Leitura de mapas
A leitura de um documento cartográfico não é uma tarefa difícil embora exija do usuário atenção, principalmente quando ele deseja extrair informações que não estão explicitadas por símbolos ou convenções.
Os documentos cartográficos em escala pequena, apresentando aspectos físicos do terreno, são os mapas mais simples de serem lidos, mas todos os mapas tornam-se documentos de simples leitura desde que acompanhados da legenda, na qual esteja apresentados todos os símbolos, cores e convenções empregadas na definição dos elementos ( alvos ) mapeados.
A imagem
de satélite e a fotografia aérea não possuem esta facilidade,
o que exige do usuário conhecimentos para sua interpretação.
Mosaicos, fotocartas e cartas imagens, embora possuindo uma legenda, a exemplo
dos outros documentos cartográficos, não explicitam com o mesmo
detalhe dos mapas de linhas os alvos imageados. A tabela 2 apresenta as convenções
mais comuns utilizadas na cartografia.
Tabela-2: Convenções cartográficas básicas
Outras convenções cartográficas tais como: símbolos; cores e figuras podem ser encontradas na legenda dos mapas, sinalizando temas de caráter geral ou específicos, de forma que o documento cartográfico possa ser lido e interpretado.
Ensinando cartografia
Alguém que recebe a incumbência para ensinar algo deve primeiro justificar o porque está ensinando esse algo, afinal aprender ou ensinar alguma coisa sem necessidade é desmotivante, colocando em cheque o aproveitamento do aluno, que não sabe por que está aprendendo tal assunto, e o desempenho do professor, que desconhecendo a aplicabilidade do tema no cotidiano sente-se impossibilitado de avançar e aplicá-lo no dia a dia da escola.
Quem ensina cartografia deve ter essa preocupação. Cartografia, nome da técnica utilizada para fazer mapas, não existe se não tiver demanda para elaboração e utilização dos mesmos, o que tornaria seu aprendizado um conjunto de regras e modelos sem nenhuma utilidade prática.
Atualmente observa-se que muitos profissionais estão envolvidos no ensino da cartografia, desenvolvendo modelos para que alunos do ensino fundamental aprendam o que é uma escala, como é feita a representação do relevo, o que é uma projeção cartográfica etc, tudo isso desconsiderando o exercício da própria cartografia no cotidiano da escola, quando do ensino de outras disciplinas, tais como geografia, história, sociologia, dentre outras, que se utilizando dessa ferramenta e de seus produtos auxilia na eficácia de seu aprendizado.
Então como ensinar cartografia? Inicialmente é fundamental despertar o interesse do aluno para as aplicações cartográficas, conduzindo-o a exercitá-la sem que isto configure um tópico de uma disciplina ou ela própria. Afinal por que aprender cartografia?
Este despertar para a cartografia pode ser iniciado com o aluno ainda na pré- infância, através de informações apresentadas pela própria escola na forma de mapas, a respeito de sua vizinhança, acessos, meios transporte, segurança pública e etc. Essa informações são úteis tanto para os pais como para os alunos, que passarão a elaborar seus próprios “mapas” independente se sabem o que é escala projeção ou qualquer outra técnica cartográfica.
Trata-se do exercício cotidiano da cartografia como necessidade e do interesse do próprio aluno, que em conseqüência do seu processo de aprendizagem, aprimora e amplia o seu uso, incorporando novos conhecimentos, tais como geometria, física, matemática, etc...
Outras perguntas podem ser formuladas, como por exemplo: Por que o interesse do ensino da cartografia nas escolas?
Outras questões podem também ser levantadas. Cabe então ao educador, procurar a resposta que vá ao encontro da formação do cidadão e não de outros interesses.
Entende-se que essas respostas devem convergir para os seguintes objetivos:
• Auxiliar no aprendizado da geografia, história e de outra disciplinas;
• Apoio às atividades cotidianas do aluno e na formação de sua cidadania.
Respostas que contemplem outros aspectos, tais como:
• Disseminação das aplicações cartográficas e de seus produtos no país;
• Utilização de novas tecnologias, etc...
Podem também ser considerados, entretanto, objetivos secundários desse processo para o ensino da cartografia.
Ensinando ao aluno
Ensinar cartografia, segundo o ponto de vista aqui apresentado, está associado à 5 fases de trabalho que, respeitadas as suas prioridades definem o conjunto de ações que devem ser desenvolvidas respectivamente pelo professor e aluno, tanto no âmbito local como de sua escola, como de realidades mais distantes.
As fases são as seguintes:
Fase-1: Expressar todas as informações pertinentes à localização da escola, acessos, sítios de interesse tais como: papelarias; farmácias; pontos de ônibus; etc...por meio de mapas ou croquis elaborado pelos professores da própria escola
Fase-2: Capacitação de professores em cartografia.
Fase-3: Utilização e aplicação freqüente de mapas nas aulas e na elaboração dos exercícios propostos aos alunos pelo professor.
Fase-4: Capacitação específica em cartografia para os alunos do ensino fundamental, a partir da 6a série. Este treinamento deverá sempre está associado as disciplinas que estão sendo ministradas nesse período.
Fase-5: Curso profissionalizante para formação de técnicos de nível médio em cartografia.
Observa-se que não é exigido professores com conhecimentos especializados em cartografia até a fase-4.
Os professores das disciplinas de geografia, matemática, ciências e artes plásticas, orientados para conhecerem as bases em que se assenta a cartografia, serão os orientadores e disseminadores do uso e aplicação da cartografia para este momento.
A fase-5,
dedicada a formação de profissionais para cartografia, será
trabalhada por especialistas conforme os curricula aprovados (Tabela 3).
Tabela 3- Fases de aprendizagem de cartografia
Devido ao desconhecimento do que propõe a cartografia e a falta de cultura na utilização de seus produtos pela sociedade, o trabalho que está sendo apresentado tem como objetivo principal despertar e incentivar o uso sistemático da cartografia como ferramenta para compreensão dos problemas físicos, sociais, econômicos, políticos e culturais, junto ao estudo das disciplinas escolares e no cotidiano do educando.
Requisitos
A consecução dos objetivos desta proposta pauta-se na metodologia apresentada e nos recursos humanos e materiais existentes na escola. Devido os recursos que estão disponíveis em cada escolas apresentarem diferenças significantes chamou-se de kit básico os meios que serão necessários para o desenvolvimento deste trabalho.
Paralelamente indica-se também outro conjunto de recursos, humanos e materiais, que podem contribuir com a eficácia deste processo. A tabela 4 contempla os recursos mínimos necessários para a implantação e desenvolvimento desse trabalho junto às escolas da rede de ensino fundamental.
Tabela 4- Recursos básicos para a implantação de um trabalho cartográfico na escola
Observa-se que esses materiais integram o acervo de qualquer escola e dos materiais que os alunos costumam trazer para as aulas.
Os materiais suplementares são utilizados para auxiliar esse trabalho e enriquecem o aprendizado do aluno, entretanto é importante que os professores que forem utilizar dominem esse conjunto de facilidades e possam disponibilizá-los para todos os alunos (Tabela 5)
Tabela 5- Recursos suplementares para a implantação de um trabalho cartográfico na escola
Outra característica deste processo é permitir ao professor continuar criando atividades em sala de aula e no campo com seus alunos, valendo-se do acervo básico e de sua própria imaginação.
Visando auxiliar os professores que envolver-se-ão com este trabalho, apresenta-se uma relação de atividades que podem ajudar na compreensão e conhecimento dos objetivos e técnicas cartográficas:
a-Passeio em trilhas, caça ao tesouro;
b-Conhecendo nosso bairro para identificação de locais poluídos, sujos, perigosos;
d-Corridas de orientação;
e-Enduro ambiental;
f-Desenhando no mapa a trajetória das caravelas de Cabral e Colombo,etc...
Conclusão e Recomendações
A concepção desta metodogia foi desenvolvida a partir dos princípios básicos que norteiam as técnicas de ensino, de observações, reflexões, e de experiências vividas junto as escolas do ensino fundamental anteriormente.
Face ao exposto propõe-se:
• O ensino da Cartografia deve iniciar da mesma maneira que os mapas apareceram, “partindo de necessidades,” independente do conhecimento matemático do que seja escala, projeção etc...
• Nas séries mais avançadas professores e alunos poderão lançar mão de bibliografias específicas a respeito do tema, iniciando assim junto as disciplinas de desenho e matemática os conceitos de escala, projeção forma da Terra etc...
Finalmente recomenda-se que cartografia não seja nem disciplina, nem tópico de disciplina, mas uma nova forma de linguagem para apresentar e analisar temas ambientais, sociais, históricos, biológicos, etc, que estão contemplados nas disciplinas escolares do ensino fundamental e médio.
Bibliografia
MOURA FILHO, J. Elementos de Cartografia: Técnica e Histórica Vol-1, Belém, Falangola editora, 1993
Revista Geografia & Ensino, v6, n.1, p 100-103, Belo Horizonte, Universidade Federal de Minas Gerais, Departamento de Geografia, 1997
Oliveira, Cêurio de. Dicionário Cartográfico, 4 ed, Rio de Janmeiro, IBGE, 1993
BAKKER, Múcio Piragibe Ribeiro de. Cartografia - Noções Básicas. Rio de Janeiro, Ministério da Marinha, Diretoria de Hidrografia e Navegação, 1965
Comissão
de Cartografia. Cartografia e Aerolevantamento – Legislação,
Brasília, IBGE,1981
O USO ESCOLAR DE DADOS DE SENSORIAMENTO REMOTO COMO RECURSO DIDÁTICO PEDAGÓGICO
VÂNIA MARIA NUNES DOS SANTOS
Divisão de Sensoriamento Remoto
Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais
São José dos Campos-SP
vania@ltid.inpe.br
Introdução
Com o desenvolvimento das modernas tecnologias espaciais, dentre as quais se incluem os satélites artificiais, tornou-se possível "(re)conhecer" a terra, através da coleta de diferentes dados e da aquisição de imagens da sua superfície, por meio de sensores remotos.
Os dados gerados pelos diversos sensores remotos, sobretudo os orbitais (a bordo de satélites), tem servido como base para o desenvolvimento e realização de projetos associados às atividades humanas, no mundo inteiro e em diversas escalas, bem como auxiliado no diagnóstico sobre as implicações ambientais, econômicas, sociais, políticas e culturais desses projetos com relação a ocupação dos espaços geográficos, favorecendo na realização do planejamento sócio econômico ambiental sustentável.
Dada a sua importância para o mundo moderno, entende-se que o conhecimento produzido e acumulado sobre o potencial de utilização das tecnologias espaciais, sobretudo do sensoriamento remoto, movido pela crença de "ir ao espaço buscar soluções para os problemas da terra", deve ser conhecido por toda nossa sociedade, pela qualificação que pode promover no desempenho dos agentes sociais, para a melhoria das condições de vida, o que justifica o compromisso de divulgar ciência.
A escola, concebida como agência de comunicação social que tem no saber sua matéria prima, é o espaço privilegiado capaz de receber e processar tais informações transformando-as em conhecimento, e por meio desse processo, desenvolver a função social de formar cidadãos preparados para participações sociais consistentes e construtivas.
Com o processo de mudanças desencadeado a partir da nova lei de diretrizes e bases da educação (9394/96), resultante em parte da evolução e ampliação do conhecimento sistematizado, vem sendo assinalada a necessidade da educação escolar trabalhar com conteúdos e recursos que qualifiquem o cidadão para a vida na sociedade moderna tecnológica. Em consonância com a lei, os parâmetros curriculares nacionais e as diretrizes para o ensino médio, destacam a importância do trabalho com o conhecimento científico e tecnológico no ensino fundamental e médio, respectivamente.
Este contexto favorece a introdução da tecnologia de sensoriamento remoto na escola, enquanto conteúdo e recurso didático inovador no processo de ensino e aprendizagem, frente as atuais exigências de reformulação da educação escolar impostas pela conjuntura de nossa sociedade de final de milênio.
O Sensoriamento Remoto e suas possibilidades no estudo das disciplinas escolares
O trabalho realizado com sensoriamento remoto nas escolas, tem se constituído numa oportunidade de aproveitar seu vasto potencial de uso e aplicações para a compreensão da dinâmica do processo de intervenção/repercussão das relações sociais no equilíbrio/desequilíbrio do meio ambiente, permitindo ultrapassar uma perspectiva de abordagem restrita às ciências da natureza, comum na abordagem desta questão, e avançar na perspectiva das ciências sociais e da pedagogia da comunicação.
O uso escolar dos produtos e técnicas de sensoriamento remoto apresentam-se como recurso para o processo de discussão/construção de conceitos pelos alunos, e como conteúdo em si mesmas.
Podemos verificar suas possibilidades de uso em diferentes disciplinas tais como: geografia, história, ciências, matemática, educação artística, dentre outras, principalmente em abordagens interdisciplinares, como por exemplo na focalização do tema meio ambiente.
No ensino da geografia, a utilização de imagens de satélite, por exemplo, permite identificar e relacionar elementos naturais e sócio econômicos presentes na paisagem tais como serras, planícies, rios, bacias hidrográficas, matas, áreas agricultáveis, industriais, cidades.., bem como acompanhar resultados da dinâmica do seu uso, servindo portanto como um importante subsídio à compreensão das relações entre os homens e de suas conseqüências no uso e ocupação dos espaços e nas implicações com a natureza.
No ensino da história, com imagens de um mesmo local produzidas em períodos/anos diferentes, é possível apreender a temporalidade dos fatos em sua dinâmica e fazer a reconstituição do processo de uso, ocupação e desenvolvimento de uma região, enquanto um movimento em suas regularidades e alternâncias, permanências e mudanças, mostrando as transformações no perfil econômico e as possibilidades de construção de planos administrativos e condutas sociais participativas que se abrem a partir desse conhecimento.
Como as imagens de satélite estão associadas aos fenômenos físicos de absorção e reflexão da luz, estas podem ser analisadas e compreendidas por intermédio do ensino de ciências, de tal forma a se constituírem no próprio conteúdo a ser compreendido, enquanto elemento cultural componente das sociedades tecnológicas, ao mesmo tempo em que propiciam compreensão de conceitos físicos a elas associados.
Outros estudos voltados ao ensino de ciências ainda podem encontrar nas imagens uma referência para a sua compreensão, tais como o processo saúde/doença relacionado a vetores naturais como por exemplo a água e as condições em que se apresenta no meio ambiente, evidenciadas pelo sensoriamento remoto.
No ensino de matemática, as imagens de satélite e fotografias aéreas podem ser utilizadas como recurso para a compreensão de conceitos, como os de área, proporção e formas geométricas, através da análise e compreensão entre os elementos constitutivos de uma paisagem tais como plantações, estradas, serras, rios e cidades. Os produtos de sensoriamento remoto podem ser utilizados como recurso à compreensão e resolução de problemas reais/concretos, como por exemplo calcular a área desmatada de uma floresta e a proporção deste impacto para a população local e circunvizinha, utilizando diferentes escalas. Esses recursos podem auxiliar o aluno a perceber "o tamanho real" do problema e consequentemente a importância de aprender a manipular conceitos matemáticos para compreendê-los, construindo o próprio conhecimento.
Em educação artística, é possível elaborar maquetes a partir de imagens de satélite, fotografias aéreas e mapas (cartas topográficas), mostrando em diferentes escalas serras, vales, rios, represas, estradas, ferrovias, cidades, etc., "construindo" a região na sua tridimensionalidade, além de possibilitar a elaboração de outros textos artísticos, literários e plásticos a partir das percepções propiciadas pela leitura das imagens e pela experiência estética da relação com elas. O contato, sobretudo com as cores e formas características das imagens de satélite e sua decodificação, encaminha os alunos aos desdobramentos de leituras objetivas e subjetivas do espaço geográfico, propícias ao desenvolvimento de experimentos plásticos originais.
Esses são apenas alguns exemplos dos possíveis usos didáticos dos produtos e técnicas de sensoriamento remoto no tratamento de conteúdos curriculares.
Embora estes exemplos apresentem possibilidades multidisciplinares de utilização escolar do sensoriamento remoto, é possível também desenvolver estudos interdisciplinares a partir da definição de um tema específico para estudo, onde as contribuições disciplinares se tecem na sua análise, como por exemplo o tema meio ambiente.
O Sensoriamento Remoto e o Estudo do Meio Ambiente na Escola
As características dos produtos do sensoriamento remoto, sobretudo das imagens de satélite, tais como repetitividade de cobertura; justaposição de informações; abrangência espacial; cores e formas, apresentam importante contribuição para os estudos ambientais na escola, revelando a dinâmica do processo de construção do espaço geográfico.
A abrangência espacial e o caráter temporal das imagens de satélite, que possibilitam uma visão de conjunto da paisagem em tempos diferentes, seqüenciais e simultâneos, podem auxiliar nos estudos do meio ambiente, mostrando, por exemplo, as relações entre o crescimento desordenado das cidades e a presença de rios/córregos poluídos, favorecendo na localização de possíveis fontes poluidoras, tais como indústrias ou loteamentos irregulares, bem como subsidiar na análise dos processos de uso e ocupação dos espaços, enriquecendo estudos históricos e geográficos.
A possibilidade de associarmos, ao uso escolar do sensoriamento remoto, atividades de campo voltadas à verificação da verdade terrestre e a contextualização das informações obtidas a partir das imagens de satélite e fotografias aéreas, através do estudo do meio ambiente local, tem norteado o desenvolvimento de projetos de educação ambiental nas escolas, sob nossa coordenação.
Explorar com recursos de sensoriamento remoto, inicialmente, regiões conhecidas do aluno favorece a descrição dos elementos presentes na paisagem, familiarizando-o com esta forma de representação do espaço. deixar que o aluno observe uma imagem durante o tempo que for necessário para localizar sozinho seus principais elementos, sobretudo os constitutivos da sua cidade, permite que este "se encontre" nesta paisagem:
A realização de um estudo sobre os problemas sócio ambientais de uma cidade/região e suas implicações com a qualidade de vida da população, constitui-se em exemplo interessante do que consideramos acima.
Se selecionarmos o recurso hídrico como vetor, a partir do qual iniciaremos o estudo em questão, não podemos deixar de investigar o comprometimento de um simples córrego urbano poluído (contribuinte, que deságua no rio principal de uma bacia hidrográfica, com o meio ambiente regional, segundo uma visão local e posteriormente por uma ótica integrada com toda região atingida direta ou indiretamente por este manancial.
Quando se analisa o córrego poluído em questão utilizando apenas levantamentos restritos, é possível que escape à vista as implicações degradantes que o mesmo possa estar provocando em outros locais, à quilômetros de distância da área estudada.
A utilização de recursos de sensoriamento remoto possibilita aos alunos uma apreensão sistêmica da área de estudo, favorecendo à análise do meio ambiente e ecossistemas associados, considerando não apenas um único aspecto/variável, mas sim a multiplicidade de aspectos/variáveis que possam estar contribuindo para a degradação da qualidade das águas, estabelecendo relações entre o impacto local e suas repercussões espaciais e revelando, consequentemente, suas implicações para o declínio da qualidade de vida da população atendida direta ou indiretamente por este manancial.
Nos projetos educacionais desenvolvidos, voltados ao uso escolar do sensoriamento remoto no estudo do meio ambiente com referência nos recursos hídricos, professores de diferentes disciplinas foram capacitados em módulos específicos e orientaram seus alunos na realização de atividades em sala de aula e trabalhos de campo, incluindo:
A utilização dos recursos de sensoriamento remoto, associados ao desenvolvimento de diferentes atividades como as citadas acima, tem propiciado aos alunos condições de compreender o meio ambiente local e regional; refletir sobre a realidade sócio ambiental em estudo; propor soluções para os problemas identificados, bem como exercitarem a sua cidadania através de ações/intervenções escolares voltadas para a melhoria da qualidade de vida.
Considerações sobre o Uso Escolar do Sensoriamento Remoto
A proposta de trabalho com os recursos de sensoriamento remoto na escola não se limita a uma mera transferência mecânica de informações. Não se trata de proceder apenas à divulgação de suas características e potencialidades, mas sobretudo de refletir sobre elas e trabalhar suas relações com a prática pedagógica e com o tratamento dos conteúdos curriculares em suas relações com a vida, visando a construção do conhecimento por professores e alunos.
Como afirma o educador Gutierrez (1979), "o mero fato de interpretar ou apropriar-se de um saber não é suficiente para que, com propriedade de termos, possamos falar de aprendizagem autêntica. Somente pode chamar-se autêntico o conhecimento que em si mesmo e por si mesmo seja produtivo e transformador, o que requer do preceptor que ele o transforme em conhecimento seu e reestruture à sua maneira a informação".
Tal reestruturação requer um trabalho ativo-reflexivo com a informação, por parte do aprendiz, orientado pelo docente, que o levará a utilizá-la enquanto ferramenta:
O uso escolar do sensoriamento remoto recomenda o desenvolvimento da pedagogia da comunicação no tratamento dos conteúdos curriculares, considerando a análise da realidade concreta e as reflexões possíveis de serem desenvolvidas sobre ela, propiciadoras do exercício de operações mentais implementadoras do desenvolvimento do raciocínio crítico e da produção do conhecimento.
Por em prática a pedagogia da comunicação significa por em prática iniciativas pedagógicas transformadoras. Tais iniciativas implicam:
Isto pressupõe propiciar ao aluno condições de compreender a vida humana numa dimensão de totalidade, pela apreensão das relações recíprocas entre o seu meio imediato e o mais amplo; pela apreensão da ressonância das atuações individuais e das organizadas de maneira coletiva e colaborativa, na implementação de planos administrativos que visem a qualificação e preservação do meio ambiente.
O uso escolar do sensoriamento remoto, como recurso didático pedagógico no processo de ensino aprendizagem, permite desmistificar a idéia que uma tecnologia de ponta é algo distante da escola, bem como esclarece que professores podem promover ou proceder à socialização da ciência requalificando a relação do ensino com o conhecimento e com a vida, quando o seu uso está voltado para o estudo de questões importantes da atualidade e significativa para os alunos.
Nesta perspectiva, entendemos que o uso escolar do sensoriamento remoto pode contribuir para o desenvolvimento da função da escola na atualidade, de formar cidadãos preparados para participações sociais consistentes e construtivas através dos recursos da ciência presentes na sociedade, oportunizando a escola, e a partir dela a comunidade, o acesso ao conhecimento da função social desta tecnologia.
Referências bibliográficas
Santos, V. M. N. Escola, cidadania e novas tecnologias: investigação sobre experiências de ensino com o uso de sensoriamento remoto. São Paulo. 150p. Dissertação de mestrado. Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo, 1999.
Santos, V. M. N. O uso escolar das imagens de satélite: socialização da ciência e tecnologia espacial. in: Penteado, H.D. Pedagogia da comunicação. São Paulo: Cortez, 1998. p.197-215.
Penteado, H.D. Meio ambiente e formação de professores. São Paulo, Cortez, 1994.
Gutierrez, F. Linguagem total : uma pedagogia dos
meios de comunicação. São Paulo : Summus, 1979. p. 110
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